Novo laboratório auxilia assistência às doenças pediátricas complexas
Instalado no prédio da Faculdade de Medicina da USP, destina-se também ao ensino e à pesquisa
Foi inaugurado, no final de junho, o Laboratório de Genômica Pediátrica, que funcionará no prédio da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Além de ser utilizado para o ensino e a pesquisa no campo da pediatria, os estudos no laboratório deverão trazer novos fundamentos para a assistência realizada no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP às chamadas doenças pediátricas complexas, tais como asma brônquica, lúpus e obesidade.
“Esse é o primeiro laboratório de genômica instalado em um departamento de pediatria de uma universidade brasileira”, diz a professora Magda Carneiro-Sampaio, professora titular do Departamento de Pediatria da FMUSP e uma das coordenadoras do novo laboratório.
“As doenças complexas caracterizam-se por terem vários genes que influenciam sua origem e desenvolvimento. Além disso, são doenças que têm forte interação com fatores externos, com o ambiente. No laboratório serão estudados marcadores genéticos estruturais e funcionais que possam levar à identificação precoce de crianças com maior risco para essas doenças”, explica.
Para a professora Sandra Grisi, chefe do Departamento de Pediatria da FMUSP, o novo laboratório permitirá que a medicina mude do terreno das infecções para o terreno da genética e da genômica. “Os estudos contribuirão para a formação dos médicos do futuro e da pediatria que queremos desenvolver no século 21”, diz.
Viver 100 anos ou mais – O laboratório será usado pela equipe do Instituto da Criança do HC que conduz o projeto Uma nova pediatria para crianças que vão viver 100 anos ou mais. Esse projeto acompanha, desde a gestação, centenas de crianças com o objetivo de proporcionar-lhes mais qualidade de vida.
A partir do levantamento de informações sobre o histórico familiar e sobre as condições de saúde de cada criança, além do estudo de características genéticas e sociais, o objetivo do projeto é oferecer condições para que elas possam viver o máximo possível.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em pouco mais de quatro décadas, a expectativa de vida no Brasil será de cerca de 81 anos, dez a mais do que a atual. O projeto acompanha a evolução dos indivíduos na infância e na adolescência para, entre outras coisas, prevenir eventuais doenças que a criança possa desenvolver na fase adulta e que tenham sido originadas nos primeiros anos de vida ou até mesmo na fase fetal.
Terapias individualizadas – As instalações físicas do laboratório são formadas basicamente por equipamentos de bioinformática, como scanners laser de alta resolução e rendimento para leitura de lâminas de microarrays – conhecidos popularmente como chips de DNA –, além de outros materiais para isolamento, purificação, quantificação e análise de ácidos nucléicos.
“Hoje, em uma pequena lâmina de microscópio é possível ter todo o genoma humano representado. Sabendo a expressão gênica, em tempo real conseguimos ver os genes em ação em diferentes tecidos e órgãos para medir, por exemplo, a resposta de uma determinada droga a agentes ambientais, além de saber quais genes são mais ou menos expressos em um tumor”, afirma Carlos Alberto Moreira-Filho, professor do Departamento de Pediatria da FMUSP, que também coordenará as atividades do laboratório. Segundo o professor, uma das aplicações mais importantes desse tipo de técnica é a individualização das terapias.
“Conforme o perfil de expressão gênica de um tumor, o que nós chamamos de assinatura molecular, é possível, antes mesmo que o paciente seja submetido a uma terapia, saber se responderá ou não a ela”, diz. “Isso permite dar o remédio certo e na hora certa para determinado paciente”, completa.
Os equipamentos do Laboratório de Genômica Pediátrica foram financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Da Agência Fapesp
(M.C.)
07/01/2008
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