Novos modos de ler, criticar e praticar a biografia



Editora Unesp lança Biografismo, um livro de teor filosófico de Sergio Vilas Boas

Obras biográficas atingem milhões de leitores no Brasil, mas ainda há poucas referências conceituais e metodológicas sobre este gênero literário que vem se tornando cada vez mais popular e sofreu transformações desde que jornalistas começaram a se aventurar por ele.

Neste contexto, a Editora Unesp lança Biografismo, um livro de alto teor filosófico de Sergio Vilas Boas, autor também de Biografias & Biógrafos (2002). Desta vez estão em jogo novos modos de ler, criticar e praticar a biografia. Amparado por um amplo repertório cultural, o autor expõe os valores “ultrapassados” que continuam a guiar os biógrafos brasileiros contemporâneos.

A obra analisa as biografias de JK (escrita por Cláudio Bojunga), Nelson Rodrigues e Garrincha (de Ruy Castro), Chatô (de Fernando Morais), Mauá (de Jorge Caldeira), Stefan Zweig (de Alberto Dines) e Fidel Castro (de Cláudia Furiati).

As reflexões giram em torno de seis tópicos: descendência (idéia de herança familiar explicativa do biografado), fatalismo (a predisposição a tratar o personagem como predestinado à vitória), extraordinariedade (crença em uma genialidade inata), verdade (mito da biografia como verdade absoluta), transparência (proposta de que os biógrafos também se revelem ao longo de seus textos) e tempo (porque, segundo o autor, a narrativa biográfica linear-cronológica é uma limitação tanto filosófica quanto narrativa).

A partir destes “seis pontos críticos”, Vilas Boas defende novas perspectivas para a escrita biográfica, forma de texto em que o jornalismo, a história e a literatura se articulam com uma única finalidade: compreender (e não apenas relatar friamente) a vida de uma pessoa. Ao longo do livro, intercala também narrações suas sobre os “encontros biográficos” que manteve com o jornalista e biógrafo Alberto Dines, dando ao ensaio um toque de criatividade e ousadia.

A principal conclusão que se pode depreender do livro é que “o esquematismo que faz gerar esses calhamaços relatoriais, indigestos e enganosos não devia ser a única opção para a produção de biografias. A arte biográfica está engatinhando no Brasil. Há muitas possibilidades ainda não experimentadas”, conforme afirma o próprio autor.

Sobre o autor – Sergio Vilas Boas é jornalista, escritor, professor e pesquisador especializado em narrativas biográficas. Publicou Biografias & biógrafos (2002) e Perfis (2003), entre outros. Co-fundador da Academia Brasileira de Jornalismo Literário (ABJL) e editor da revista de não-ficção textovivo.com.br.

Serviço

Biografismo
Autor: Sergio Vilas Boas
Número de páginas: 258
Formato: 14 x 21 cm
Os livros da Fundação Editora da Unesp podem ser adquiridos pelo site: www.editoraunesp.com.br ou telefone (11) 3242-7171.

Da Unesp



10/21/2008


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