O que é possível fazer com amor e solidariedade



César teve uma história de maus-tratos e pancadaria até ser retirado do convívio com a avó materna alcoólatra, em Buritis de Minas. Uma das surras cegou-lhe o olho esquerdo aos seis anos. A fivela do cinto provocou um trauma acarretando uma catarata. Com a ajuda da Rede Solidária Anjos do Amanhã, o menino, com nove anos, foi operado há cerca de quatro meses por um médico voluntário do Centro Brasileiro da Visão.

Agora já consegue ver vultos, definir cores e formas. "O dr. Douglas acha possível que ele recupere a nitidez das imagens", anima-se a mãe adotiva, Márcia Rodrigues Xavier, auxiliar de laboratório em um centro de saúde em Planaltina (DF). César só retira o tampão quando vai para a escola onde cursa o terceiro ano. A Anjos da Manhã também ajudou a família com uma terapeuta voluntária, Cássia Raquel, que nos últimos sete meses de acompanhamento conseguiu melhorar o estado emocional da criança.

Márcia contou ao Jornal do Senado que César, adotado em julho do ano passado, entrou em uma grave crise de ansiedade quando soube que teria uma festinha de aniversário em 28 de agosto, quando completaria nove anos. A expectativa de pela primeira vez ter um bolo de aniversário, mesmo que modesto, provocou-lhe ansiedade tão grande que passou a não conseguir mais controlar a urina. A mãe adotiva pensou que o desafio era maior do que imaginava. Foi quando passou a ser ajudada por Raquel.

Sem muitos recursos financeiros, mas com muito amor e sensibilidade, o casal Márcia, com 45 anos, e José Omar Diniz Xavier, 44, que atua em uma entidade do terceiro setor que atende 400 pessoas, entre idosos, jovens e mulheres que são capacitadas em corte e costura, criou três filhas, a mais nova com 19 anos.

Apesar das dificuldades, Márcia sensibilizou-se quando soube por uma colega de trabalho da história de um menino de dois anos, que fora atendido por um jovem médico em Buritis de Minas, com grave pneumonia e queimaduras de cigarro pelo corpo. O médico desistira da guarda provisória da criança após não ter como cuidar dela. "O menino me chamou de mãe assim que me viu", lembra Márcia, comovida.

O casal conseguiu a guarda definitiva da criança em maio de 2009. Foi quando souberam que o irmão mais velho de Juliano, com oito anos, estava em um abrigo, cego do olho esquerdo por causa das surras da avó. Márcia e José foram à Justiça e conseguiram a guarda provisória de César. Agora, com a ajuda da Anjos do Amanhã procuram curar as marcas de sofrimento espalhadas pelo corpo do menino.

Cintia Sasse / Jornal do Senado



12/07/2010

Agência Senado


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