Oposição vê contraste entre fala do ministro dos Transportes e resposta de Dilma às irregularidades




Senadores da oposição entenderam que o tom do ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, ao negar irregularidades no âmbito da pasta durante audiência na Comissão de Serviços de Infra-Estrutura (CI), nesta terça-feira (16), contrastou com o rigor adotado pela presidente Dilma Rousseff, que demitiu 27 gestores da área e pediu uma "faxina" no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).

- Se o senhor estiver absolutamente correto, a presidente Dilma estaria incorreta ao fazer as demissões - comentou o líder do PSDB, Alvaro Dias (PR), autor do requerimento para a audiência.

Demostenes Torres (DEM-GO) mencionou a saída do ex-ministro Alfredo Nascimento e chegou a dizer que a presidente Dilma "jogou fora quase que a totalidade do órgão, numa referência às demissões no Dnit, incluindo a saída de quatro dos cinco diretores.

Ainda a Alvaro Dias, ao ser perguntado sobre como avaliava o "modelo promíscuo" de gestão que permite o loteamento de cargos na administração pública, o ministro lamentou não ser a pessoa mais capaz de dar o diagnóstico pedido. Optou por falar de sua própria trajetória de servidor de carreira há quase 40 anos na administração pública.

- O que fiz a minha vida inteira como funcionário, continuo fazendo. Minha forma de agir sempre se pautou pelos melhores princípios de conduta ética - afirmou.

Governistas satisfeitos

Integrantes da base governista se mostraram satisfeitos com as explicações do ministro. Para Humberto Costa (PT-PE), ele respondeu com firmeza, esclarecendo tanto do ponto vista técnico quanto político os temas propostos. O senador aproveitou ainda para contraditar declarações de opositores quanto à falta de ação e resultados no trabalho da Controladoria Geral da União (CGU).

Apesar das notícias sobre a disposição do PR de deixar a base do governo, o líder do partido na Casa, senador Magno Malta (PR-ES), manifestou apoio ao ministro. Antes, Paulo Passos, que é filiado ao partido, confirmara que chegou ao cargo a convite da presidente Dilma Rousseff. Disse que ficará no posto até quando a presidente considerar sua contribuição necessária.

A presidente da CI, senador Lúcia Vânia (PSDB-GO), destacou que o ministro, ao aceitar o convite para falar à comissão, atuou com "boa-fé e respeito". Lúcia Vânia lembrou que o Senado tem a responsabilidade institucional de exercer papel fiscalizador dos interesses da sociedade brasileira, acrescentando que a audiência representou o fiel cumprimento dessa missão.

Nome da Valec

Paulo Passos justificou ainda a escolha de Miguel Mário Bianco Mazela como secretário-executivo da pasta, Disse que o conhecia há 38 anos e que se tratava de profissional correto, "incapaz de praticar ou compactuar com qualquer atitude contra o erário". Antes, Alvaro Dias lembrou que se tratava do ex-presidente do conselho da Valec, estatal sempre é apontada como "foco de desvios".

Em resposta a Demóstenes Torres (DEM-GO), o ministro negou proximidade com Fernando Cleiton Aguiar, funcionário terceirizado do Dnit citado como integrante de esquema de corrupção. O ministro admitiu ter recebido pedido e encaminhado o currículo de Aguiar ao órgão, mas ressalvou que nem por isso poderiam ser considerados amigos e que não o via há pelo menos cinco anos.

Para ver a íntegra do que foi discutido na comissão, clique aqui.



16/08/2011

Agência Senado


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