Oposição volta a negociar unidade
Oposição volta a negociar unidade
Adversários do Governo Jarbas Vasconcelos retomam conversas em encontro do PPS
Os partidos de oposição começam a caminhar para um entendimento, visando a disputa eleitoral de 2002. Ontem, no encerramento do 13º Encontro Regional do PPS, as lideranças de esquerda deixam mais claros os interesses de suas legendas na sucessão estadual, mesmo sem a definição de que chegarão à sucessão estadual com um palanque único. "O encontro do PPS abriu espaço para que todos colocassem suas idéias e isso deu mais clareza ao projeto eleitoral da esquerda para 2002", avaliou o presidente nacional do PPS, senador Roberto Freire (PPS).
No encontro, que conduziu o prefeito do Cabo, Elias Gomes, à presidente regional do PPS, os pós-socialistas reafirmaram o propósito do partido de reeleger Roberto Freire senador da República. "Essa é nossa prioridade. Vamos lutar pelo unidade para reconduzir Roberto Freire ao Senado e eleger Ciro Gomes presidente do Brasil", disse Elias Gomes.
No encontro, os pós-socialistas aprovaram um documento onde consideram que a estratégia da unidade das oposições poder vir a indicar o caminho da construção de mais de uma chapa para concorrer o primeiro turno, mas entendem que a adoção dessa alternativa ainda, na fase inicial das discussões, pode prejudicar o objetivo de todos, que é de conquistar o Governo do Estado e eleger os senadores da esquerda. "É importante que todos digam o querem. O PPS quer Roberto Freire para o Senado. Agora se mais para frente a decisão for por um palanque único e o meu não for de consenso, posso até retirar minha candidatura", esclareceu.
Na visão de Freire, o PT precisar conversar com todos abertamente. "Porque ninguém ganha eleição sozinho. Os petistas sempre tiveram dificuldades para fazer alianças. Não faz parte da cultura deles". O deputado federal Eduardo Campos (PSB) defendeu a bandeira dos socialistas de que é preciso discutir um programa de Governo para o Estado, antes de se discutir nomes. Já o prefeito do Recife, João Paulo (PT), reafirmou que os petistas não estão impondo o nome de Humberto. "O nosso objetivo é fazer uma articulação políticapara um projeto geral para 2202".
A aproximação dos partidos de esquerda começou logo cedo, com a visita do ex-ministro e pré-candidato à presidência da República, Ciro Gomes, ao ex-governador Miguel Arraes (PSB) e ao prefeito do Recife, João Paulo (PT). Os encontros aconteceram antes do encerramento oficial do Congresso do PPS. "Estamos em busca de propostas que possam aglutinar forças e pessoas para ver se encontramos um eixo de pensamento para o País", comentou o ex-governador Miguel Arraes.
Itamar anuncia que vai mesmo disputar prévia
BELO HORIZONTE - O governador Itamar Franco, de Minas Gerais, anunciou que vai mesmo disputar as prévias do PMDB, no dia 20 de janeiro, para indicar o candidato do partido à Presidência da República. Setores do partido apostavam que Itamar iria desistir devido à redução do colégio eleitoral da prévia imposta pela Executiva Nacional.
"Parte do PMDB, e não todo o PMDB, homens que infelizmente dirigem nosso partido, que eu ajudei a fundar em uma época que era difícil falar em democracia, querem impedir que os vereadores participem das prévias. Nós vamos lutar pelos nossos vereadores. Nosso nome está mantido, vamos às prévias", disse Itamar, ontem, em Caxambu (MG).
Ele não se mostrou preocupado com uma eventual derrota: "Vamos concorrer, e essa história de perder é outra coisa". A prévia restrita aprovada pela Executiva Nacional, que é composta principalmente por aliados do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), tem o propósito de evitar a vitória de Itamar.
Quanto menor o número de votantes, maiores são as chances do senador gaúcho Pedro Simon, outro que pretende concorrer às prévias, mas a cúpula do partido pode também lançar um nome na disputa. O presidente nacional do PMDB, deputado federal Michel Temer (SP), poderá ser o nome dos governistas a concorrer com o governador Itamar Franco e Pedro Simon.
ASSINATURAS - Enquanto isso, os diretórios estaduais ligados ao PMDB de Itamar recolhem assinaturas para tentar convocar uma convenção nacional extraordinária, que, segundo eles, teria autonomia para ampliar o número de participantes nas prévias.
Eles defendem a participação não só dos vereadores, mas também dos diretórios estaduais, o que elevaria para mais de 100 mil os participantes. A decisão da Executiva, que precisa ser referendada pelo conselho político do partido, definiu em 3.870 os votantes. O principal argumento para esta limitação é operacional.
FHC diz que só em março define nome
LIMA - O presidente Fernando Henrique Cardoso deixou claro que o fato de a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, despontar em segundo lugar em pesquisas de opinião não garante a escolha de seu nome para a candidatura da coalizão governista para as eleições de 2002. Em entrevista ao jornal peruano El Comércio, de linha conservadora, ele reiterou que o anúncio do candidato dessa aliança somente ocorrerá em março. FHC retornou ontem a Brasília. "Ela (Roseana) tem uma popularidade elevada, mas é cedo para saber quem será o candidato. Isso ficará para março", declarou o presidente. A declaração do presidente reforça as regras que ditou, como chefe da coalizão governista, para a escolha do candidato à corrida eleitoral de 2002. Indica, também, que ele pretende extinguir de vez as dúvidas sobre uma possível antecipação do anúncio do nome que encabeçará a chapa.
Colunistas
DIARIO Político
Encontros da oposição
A oposição ao governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) pode estar encontrando seu caminho, após semanas de conflitos. Três fatores nos levam a crer nisso. Primeiro: nos últimos dias, os principais líderes dos partidos da Frente de Esquerda deixaram claro o que querem. O PT quer Humberto Costa a governador e Carlos Wilson ao Senado. O PPS, Roberto Freire para a reeleição ao Senado. O PDT, José Queiroz para governador (ou vice?). O PSB, principalmente suas bases, insistem em ter Eduardo Campos na cabeça da chapa. Segundo: como ficou explícito ontem no encontro do PPS, no Recife, todos os líderes expressivos entendem que a unidade é fundamental, visto que falta um candidato natural para disputar com Jarbas. Ou seja, falta alguém com peso eleitoral esmagador em relação a seus colegas de front. Terceiro: uma série de seminários está sendo preparada pelo PT para discutir os problemas de Pernambuco. Dai pode vir o esboço de um projeto de governo conjunto. Pode vir porque os caciques da oposição estão confirmando suas presenças. Roberto Freire, por exemplo, já disse que vai, apesar de ser um dos mais contundentes críticos do PT. A movimentação dos próximos dias tende a confirmar o entendimento entre os oposicionistas. O que não quer dizer chapa única. Esta é uma meta, mas não um dogma. Será buscada. Porém, se não for possível, os partidos saem com dois palanques. Porém, comprometidos com idéias comuns que serão importantes no pós-eleição. Importantes no segundo turno e para garantir uma aliança necessária à governabilidade, caso vençam.
Até que ponto uma unidade da oposição a partir de agora e a indefinição do palanque governista, liderado por Jarbas, podem mudar os rumos da disputa eleitoral em 2002?
Gênero
A candidatura de Roseana Sarney (PFL) pode até não vingar. Mas as preocupações dela com o papel da mulher na sociedade ficarão. Ontem, Ciro Gomes fez uma saudação toda especial para Luciana Santos (PCdoB), que integrava a mesa do encontro dos pós-socialistas. E ele não é o único. O PSDB está organizando um seminário só para discutir as questões femininas.
Queir oz
José Queiroz foi aclamado ontem por militantes de seu partido, o PDT. Numa reunião em Catende, na Mata Sul do Estado, com cerca de 300 estudantes, vereadores, prefeitos e vices, estimulou-se a luta dele por uma vaga na chapa majoritária da oposição. De preferência a de candidato a governador.
Digitação
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Nelson Jobim, acredita que o eleitor vai se sair bem em 2002, quando for votar para presidente, governador, senador (dois nomes), deputado estadual e federal. Para ele, não haverá problemas com os 25 toques na urna eletrônica. Ele é otimista. Acredita que, em média, será preciso 1 minuto e 15 segundos na votação.
Ranking 1
Os números embriagam. Pernambuco assumiu, em estudo recente, a 10ªposição no ranking dos estados mais competitivos do País. Sob a perspectiva dos investidores. Ocorre que, para chegar lá, é preciso conceder volumosos incentivos fiscais às novas empresas e, por isonomia, a diversas outras já instaladas. Frutos da guerra fiscal.
Ranking 2
Os incentivos fiscais, segundo especialistas da Secretaria da Fazenda, fazem parte da raiz do desequilíbrio financeiro do Estado. Não por conta das novas empresas, cujos impostos não existiriam caso não fossem instaladas aqui. É por conta das antigas, que têm direito ao mesmo auxílio, reduzindo o volume de arrecadação de ICMS de Pernambuco.
Perfil
A Assembléia Legislativa recebeu os originais do perfil do ex-deputado Andrade Lima Filho, escrito pelo jornalista Evaldo Costa, editor de Esportes do DIARIO. O livro, que é o vigésimo volume da série de 22, faz parte da coleção Perfil Parlamentar Século XX.
Prestígio
O ministro José Serra pediu pessoalmente ao deputado federal Carlos Batata, do PSDB de Pernambuco, para participar das negociações entre o Governo e os servidores que permitiram o fim da greve da Saúde. Batata não cabe em si desde então.
José Queiroz e Carlos Wilson foram os únicos líderes expressivos da oposição a não comparecer ontem ao congresso do PPS. Eles tinham outros compromissos. Pelo menos foi essa a explicação oficial, dada, inclusive, por Roberto Freire. Coincidência ou não, os dois disputam com Freire as vagas de candidato a senador
Editorial
Chega de barganha
Na quarta-feira da semana passada, os líderes dos partidos governistas reuniram-se no início da tarde para tratar da votação do projeto de lei que torna mais flexível a Consolidação das Leis do Trabalho, por permitir que patrões e empregados firmem acordos que revoguem ou modifiquem termos ali definidos. O líder do PMDB, Geddel Vieira Lima, pediu mais uma semana. Alegou que seu partido não estava plenamente convencido da questão. Na quinta-feira, Geddel voltou à carga afirmando que o PMDB seria contrário às mudanças. Buscava fazer um discurso para seduzir o eleitorado às vésperas da sucessão presidencial. Poderia se argumentar que o PMDB está equivocado por defender um conjunto de leis antiquadas, que precisam ser modernizadas. Mas a discussão não vale a pena. A posição contrária de Geddel às mudanças quanto à CLT carece inteiramente de sinceridade.
Geddel disse que o PMDB votará contra, mas deixará a questão em aberto. Ou seja, cada deputado votará sobre o assunto como quiser. Na prática, o que ocorrerá é que a maioria do partido dará os votos necessários para aprovar o projeto. Na verdade, o que o líder do PMDB faz é vender agora dificuldade para durante a semana negociar facilidades. Facilidades, diga-se de passagem, para ele e não para o Governo.
O Governo já anunciou que vai liberar até o fim do ano verbas de restos a pagar de outros orçamentos desde 1999. Somam, no total, cerca de R$ 10 bilhões. De recursos para emendas parlamentares, os valores variam entre R$ 700 milhões e R$ 1,2 bilhão. Eis aí o objeto da cobiça dos peemedebistas. O vice-líder do Governo, Ricardo Barros, confirmou que na quarta-feira Geddel pediu mais tempo para convencer os peemedebistas a votar a favor. O líder do PMDB só começou a afirmar que era contrário ao projeto quando leu nos jornais da quinta-feira que o pendor do seu partido para a barganha havia sido percebido.
Representantes do Governo confirmam, em conversas reservadas, que o tempo pedido destinava-se, de fato, a processar a já rotineira prática da troca de verbas por votos. Triste que não há qualquer novidade nisso, diga-se. Já viraram rotina, às vésperas de qualquer votação importante, as notícias que dão conta desse tipo de negociata. Até quando o País terá de suportar esse tipo de situação? Até quando importantes alterações na vida e na economia das pessoas serão decididas apenas pela força do dinheiro e das conveniências políticas? Até quando no Congresso haverá preço para a convicção de alguns parlamentares? A sociedade já deu seguidas mostras de que não se dispõe mais a tolerar esse tipo de comportamento de seus políticos. Já era hora deles entenderem esse recado que vem das ruas: já chega.
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11/26/2001
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