OPOSIÇÃO VOTA SOB PROTESTOS



O senador José Eduardo Dutra (PT-SE) afirmou, durante a discussão sobre a renegociação da dívida de Goiás, que antes mesmo de ser votada a Lei de Responsabilidade Fiscal já estava sendo negociada a rolagem da dívida dos estados e municípios. Ele voltou a criticar o que considera privilégios concedidos ao município de São Paulo. Também considerando que a aprovação da rolagem da dívida do município de São Paulo gerou injustiças, o senador Paulo Hartung (PPS-ES) disse que a capital paulista, em vez de sobrecarregar a União, deveria resolver seus problemas com recursos próprios, porque é a mais rica e importante cidade do país. Hartung salientou que seu partido optou por não obstruir a votação, mas lamentou que a Lei de Responsabilidade Fiscal estivesse sendo sancionada "já capenga, sem força e sem prestígio, tendo, logo em seguida, que ser submetida a alguma subcomissão para ser modificada".- Os governos deveriam aprender um pouco de economia familiar - afirmou o senador.REQUIÃOO senador Roberto Requião (PMDB-PR), usando de ironia, disse concordar com a afirmação do senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), líder do governo no Senado, de que estava faltando no país uma lei que coloque na cadeia quem desperdiça recurso público.- O ministro Pedro Malan estaria na cadeia. Ele assinou a antecipação de R$ 3 bilhões ao estado do Paraná, referentes aos royalties de Itaipu - disse o senador, lembrando que a antecipação alcança o valor que seria pago em 20 anos, tempo que abrangerá cinco governos, o que, em sua opinião, contraria toda a lógica da Lei de Responsabilidade Fiscal. Requião acusou ainda a Rede Globo de apresentar em seus telejornais uma versão distorcida da aprovação, pelo Senado, da rolagem das dívidas de estados e municípios. Para ele, a emissora tem ignorado as ações do presidente Fernando Henrique Cardoso em favor da renegociação, convocando a bancada governista à sua aprovação e lançando sobre o Senado a inteira responsabilidade sobre o tema. - É o presidente Fernando Henrique que está à frente do processo, e mais uma vez o Senado está sendo instrumentalizado pelo governo para aprovar maracutaias explícitas - apontou Requião, lembrando que nem mesmo os votos da oposição têm sido mencionados pelos telejornais da Globo. Referindo-se à Prefeitura de Campinas, Requião afirmou que o governo tem apresentado um tratamento diferenciado, apesar dos fortes indícios de corrupção. Segundo o senador, o prefeito Edivaldo Orsi conseguiu para seu apadrinhado Geraldo Biazoto, condenado a devolver R$ 74 milhões aos cofres públicos, uma diretoria do Ministério da Saúde. - Fernando Henrique tem agido como um somozista: aos amigos, tudo; aos indiferentes, justiça; aos inimigos, chumbo - afirmou Requião, que ainda sugeriu que o prefeito Celso Pitta também goza da amizade do Planalto, ou detém informações privilegiadas que o permitem chantagear o governo a fim de conseguir aprovar a rolagem da dívida do município de São Paulo . - Pitta talvez explique como os títulos precatórios foram parar no Banco do Brasil - ironizou o senador, que terminou dizendo que o Senado vive "uma situação escatológica".

04/05/2000

Agência Senado


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