OSMAR DIAS SUGERE CPI PARA APURAR IRREGULARIDADES EM BANCOS ESTADUAIS



O senador Osmar Dias (PSDB-PR) defendeu a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar irregularidades ocorridas nos bancos estaduais de todo o país. Uma das justificativas apresentadas pelo senador foi o suposto desvio de recursos do Banco do Estado do Paraná (Banestado). Ele disse que a própria diretora de Fiscalização do Banco Central, Tereza Grossi, confirmou em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos que "uma quadrilha assaltou" o Banestado.

Segundo o senador, o Banestado, que está em processo de privatização (o leilão está marcado para o dia 17 de outubro), passou a ser dilapidado a partir de 1995, ano em que Jaime Lerner assumiu o governo do estado. "Esse processo de destruição obrigou o Senado a autorizar o Banco Central a repassar R$ 5,1 bilhões para cobrir o rombo aberto pela administração irresponsável e desonesta praticada no banco", afirmou.

Pelos cálculos de Osmar Dias, o volume de recursos alocados pelo governo federal para sanear bancos estaduais gira em torno de R$ 80 bilhões. Ele acrescentou que vários dos bancos beneficiados com estes recursos estão sendo investigados pelo Ministério Público e que estas apurações vão determinar a necessidade de uma CPI para se aprofundar o exame das irregularidades cometidas.

Em aparte, o senador Gérson Camata (PMDB-ES) concordou com Osmar Dias, lembrando que outros senadores também denunciaram irregularidades nos bancos dos seus respectivos estados. A senadora Heloísa Helena (PT-AL) disse que usineiros quebraram o Banco do Estado de Alagoas e o povo assumiu a dívida. "A população não pode pagar as dívidas feitas por políticos irresponsáveis", afirmou.

Auditoria realizada pelo Banco Central no Banestado, de acordo com Osmar Dias, já comprovou o desvio de R$ 344 milhões e no decorrer das investigações este montante poderá chegar a R$ 600 milhões. "Mesmo que o governador Jaime Lerner diga que o problema não é dele, e sim do Banestado e do Ministério Público, as irregularidades aconteceram na sua gestão e foram cometidas por diretores nomeados por ele", disse o senador.

A privatização do Banestado também foi criticada por Osmar Dias. Ele disse que o valor mínimo, estipulado em R$ 434 milhões, é inferior ao patrimônio líquido do banco, que chega a R$ 554 milhões. O senador acrescentou que quem comprar o Banestado levará o controle acionário da Copel (companhia de eletricidade do Paraná), já que 48% das ações da empresa foram utilizadas pelo governo para caucionar precatórios comprados pelo banco estadual.

Osmar Dias destacou ainda que o edital de privatização obriga o governo estadual a, durante cinco anos, movimentar toda sua receita em agência de quem comprar o Banestado. "Essa cláusula é contra a economia de mercado", falou o senador.

04/10/2000

Agência Senado


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