Padrão próprio de TV digital preocupa senadores



O senador Gerson Camata (PMDB-ES), em audiência pública conjunta da Comissão de Educação (CE) e da Subcomissão de Cinema realizada nesta terça-feira (24) para debater a instalação da TV digital no Brasil, expressou sua preocupação com a possibilidade de o governo, na tentativa de criar um padrão brasileiro, recair no -padrão único no mundo-. Foi isso que aconteceu quando chegaram as TVs coloridas no país e o Brasil adotou o padrão Pal-M, compartilhado atualmente apenas com o Laos, explicou.

Em resposta ao senador, o diretor-presidente da Associação Nacional de Produtos Eletroeletrônicos, Paulo Saab, afirmou que não há esse risco, porque a tendência é que em poucos anos os sistemas estejam padronizados em todo o mundo. Para Saab, o melhor padrão a ser escolhido será o que trouxer mais consumidores, até porque o mercado nesse setor está em recessão, vendendo menos do que há quatro anos.

O subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração do Ministério das Comunicações, Marcos Dantas Loureiro, disse que, graças ao Pal-M, o Brasil só tem uma indústria de produção de televisores. Segundo Loureiro, o Pal-M foi uma -barreira técnica que obrigou as multinacionais a se instalarem no Brasil ou converter aparelhos-.

O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) assinalou, ainda, que o uso da tecnologia Pal-M dificulta a exportação dos produtos brasileiros.

A senadora Iris de Araújo (PMDB-GO) também apontou o risco de a criação de um padrão próprio levar o Brasil ao isolamento tecnológico e quis saber que instituições recebem recursos do governo para realizar pesquisas no setor.

Marcos Dantas Loureiro garantiu que a tecnologia que for desenvolvida será para adaptação às peculiaridades econômicas e sociais do Brasil, sem qualquer risco de isolamento tecnológico. -Ao contrário, acrescentaremos nossa capacidade de pesquisa ao conhecimento universal-, disse. Sobre pesquisa, Loureiro informou que os recursos são repassados legalmente ao Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD).

O senador Demostenes Torres (PFL-GO) disse de sua preocupação com a falta de produção local de programas. Para ele, o modelo a ser escolhido para a TV digital brasileira deve ser o da viabilidade. O senador Eduardo Azeredo advertiu para a necessidade de melhorar a qualidade da programação da TV brasileira, especialmente em relação à erotização precoce e ao excesso de violência. Ele cobrou ainda um prazo para a instalação da TV digital. Marcos Dantas Loureiro, em resposta, disse acreditar que antes de quatro anos a TV digital não estará funcionando comercialmente no Brasil.

O presidente da Subcomissão de Cinema, Roberto Saturnino (PT-RJ), afirmou que esta audiência, a quarta realizada sobre o mesmo assunto pela subcomissão, foi a mais esclarecedora e permitiu debater temas de grande importância.



24/06/2003

Agência Senado


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