Paim admite sair do PT se não houver acordo sobre Previdência e critica "todo-poderoso" do momento



O senador Paulo Paim (PT-RS) disse nesta segunda-feira (17), em entrevista à imprensa, que poderá -seguir outro caminho- caso não seja possível abrir um amplo debate para um entendimento em torno de três pontos que considera fundamentais para a reforma da Previdência: a não tributação de inativos; a paridade, que garantiria o mesmo percentual de reajuste dos funcionários da ativa para os aposentados; e uma transição que dê tratamento justo a quem começou a trabalhar aos 15 anos de idade, por exemplo.

- Se eu não conseguir um entendimento em torno desses pontos, cada um pode seguir seu caminho - disse.

Paim disse que já foi procurado por 90% das legendas de grande representatividade nacional.

- É uma homenagem e uma demonstração de solidariedade, mas eu sou PT, estou PT e tenho responsabilidades para com o presidente Lula - afirmou.

O senador comparou a sua situação à dos lanceiros negros na Guerra dos Farrapos, no Rio Grande do Sul, que foram usados na guerra e, após seu fim, foram assassinados.

- O todo-poderoso de hoje quer fazer o mesmo; não assassinar os que têm voz própria, mas desmoralizá-los publicamente - disse.

Paim não quis confirmar se estava se referindo ao ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.

- Não citei o nome de ninguém. Mas claro que não me refiro ao presidente Lula, por quem tenho o maior carinho e respeito. Lamento que quem tanto lutou para que este momento acontecesse, um governo Lula, esteja sendo desmoralizado publicamente por um todo-poderoso que é igual ao todo-poderoso que assassinou os lanceiros negros - disse.

O senador lembrou que antigamente não havia voto independente ou voto de acordo com a consciência e lamentou o que está ocorrendo hoje.

- Agora, querem proibir a gente até de falar, querem calar a nossa voz, cortar a nossa língua. Não aceito. Eu tenho direito a voz e a voto - disse.

Maioridade penal

Paim defendeu também uma profunda análise, pelo Congresso Nacional, da redução da responsabilidade criminal de 18 para 16 anos.

- Há um grito da sociedade que precisamos ouvir, e tenho certeza de que o Congresso Nacional o fará. Não sei ainda o que será feito, mas não podemos nos omitir, não temos esse direito. O pai da adolescente assassinada com o namorado tem-se portado com enorme dignidade e apelou à responsabilidade do Congresso - disse.



17/11/2003

Agência Senado


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