Paim critica valor do mínimo fixado pelo Executivo e diz que se sente "um peixe fora d"água"



O senador Paulo Paim (PT-RS) afirmou que "dói demais" ver recursos serem negados a quem recebe salário mínimo. "Com R$ 260 não se paga nem o aluguel, a pessoa passa fome", disse. Emocionado, Paim chegou a chorar durante a reunião desta quinta-feira (13) da comissão mista encarregada de examinar a medida provisória que fixa o novo salário mínimo em R$ 260 e disse estar perplexo com a atitude do governo petista, sentindo-se "um peixe fora d"água".

- Isso tudo está sendo mais difícil para mim do que a reforma da previdência. Eu não tenho como votar os R$ 260. Isso está dentro de mim. Não tenho condição de fazer essa violência comigo mesmo - disse.

O senador afirmou que os argumentos para não elevar o mínimo são os mesmos que vem ouvindo nos 20 anos em que atua como parlamentar. "Não tenho como não dizer isso", afirmou. O senador chamou atenção para o fato de que nesta data se comemora a abolição da escravatura e afirmou que "nesse país quem ganha salário mínimo são principalmente os negros". O senador destacou: "sou negro, filho de pai e mãe analfabetos, ambos ganhavam salários mínimos; talvez esteja ainda muito ligado a essas raízes".

Paim considera mais grave do que a definição do baixo valor do piso salarial nacional o fato de os parlamentares do Partido dos Trabalhadores sequer compareceram para votar na comissão. "Cada um vote e assuma sua responsabilidade", disse. Paim lembrou ter sido impedido pelo partido de participar oficialmente da comissão mista. "Me sinto como um peixe fora d"água", afirmou. Disse ainda que mantém página na Internet apontando mais de 14 possíveis fontes de recursos para permitirem um aumento maior para o mínimo, acrescentando que aumento do salário mínimo não causa desemprego.

O senador anunciou que os parlamentares tentarão construir um substitutivo mais favorável ao aumento do mínimo negociando com o Executivo. E contou que recebe cartas comovedoras da população com informações de que muitas pessoas estão passando fome no país.

- Fico triste quando ouço argumentos dizendo que não podemos aumentar o mínimo porque vai faltar dinheiro para estradas, investimentos. Porque é do mínimo que temos que tirar recursos?- disse.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou que quando o governo definiu o valor do novo salário mínimo levou em consideração diversos aspectos, especialmente o grande contingente de aposentados que serão afetados pela medida. Suplicy disse ainda que um grande aumento do mínimo poderia ter grande repercussão no mercado de trabalho, inclusive podendo causar desemprego. Como uma solução alternativa e com efeitos de longo prazo defendeu a instauração do imposto de renda negativo. Suplicy afirmou que o projeto da Renda Básica de Cidadania, já aprovado no Congresso, quando implantado, dará direito a todas as pessoas de participarem da riqueza da nação.



13/05/2004

Agência Senado


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