Paim destaca dados do IBGE para defender acordo sobre salário mínimo
Em apoio à realização de um grande acordo em torno de um reajuste do salário mínimo maior do que o estabelecido em medida provisória pelo governo, o senador Paulo Paim (PT-RS) recorreu nesta quinta-feira (20) a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a queda da renda dos brasileiros. Ele lamentou a falta de políticas públicas que minimizem as dificuldades enfrentadas pela população de renda mais baixa. "A proporção dos que mencionaram algum tipo de dificuldade chega a 89%", enfatizou.
Paim citou dados mostrando que 46,7% da população não comem o suficiente e 85% não têm como pagar suas contas. Outro índice considerado importante pelo senador foi o de que 70% do orçamento doméstico das famílias mais pobres são utilizados para cobrir despesas com habitação e alimentação.
- As despesas com habitação chegam a comprometer 37,15% na faixa mais baixa da população, enquanto na mais alta ficam em 22,79%. Proporcionalmente, os pobres gastam mais que os ricos para morar, três vezes e meia mais que os ricos para comer e quatro vezes mais com transporte - acrescentou.
O senador Mão Santa (PMDB-PI), em aparte, disse que todo o país aguarda um salário mínimo mais justo e não tolera desperdícios como o novo avião presidencial. Ele ressaltou a incompetência do governo, mas elogiou o "estoicismo" da Polícia Federal no trabalho de investigação que resultou na prisão do principal assessor do ministro da Saúde, Humberto Costa.
Paim também identificou falta de políticas sociais para o homem do campo, pois no interior o grupo de despesas que mais pesa é a alimentação, na proporção de 34,12% do orçamento dos lares rurais contra 19,58% nos centros urbanos. Segundo ele, o "retrato maior" da pobreza brasileira está na revelação de que 14,87% dos lares não têm serviço de água encanada; 16,36% não contam com coleta de lixo; 15,29% não moram em ruas iluminadas; 25,67% não têm escoamento adequado de água das chuvas e sofrem com alagamentos; e 4,57% não têm fornecimento de energia elétrica.
20/05/2004
Agência Senado
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