Força Sindical e Paulo Paim esperam acordo sobre salário mínimo e outras demandas dos trabalhadores



Depois de repudiarem a proposta, discutida pelo governo, de oferecer a correção da tabela do Imposto de Renda (IR) em 6,5% em troca da limitação do valor do salário mínimo em R$ 545,00, as centrais sindicais se preparam para negociar oficialmente com a equipe da presidente Dilma Rousseff. A reunião com o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, está marcada para esta quarta-feira (26), às 16h30min, no Palácio do Planalto. Para o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, e o senador Paulo Paim (PT-RS), o momento é de recuperar o atraso e inaugurar entendimentos em torno de pontos que vão além da questão do salário mínimo.

As centrais cobram ainda aumento de 10% para os aposentados que recebem mais do que o salário mínimo. Juruna adianta que, na reunião, vão ser defendidos pelo menos outros três pontos: jornada de trabalho de 40 horas semanais (atualmente é de até 44 horas), mais recursos para projetos de qualificação profissional do trabalhador e o fim do Fator Previdenciário. O fim desse fator foi aprovado pelo Congresso no ano passado, mas o projeto, de iniciativa de Paim, acabou vetado pelo então presidente Lula.

- Esse será o primeiro encontro das centrais com a equipe da presidente Dilma Rousseff. Será um dia fundamental e há de ser aberto um bom canal de negociações - previu Juruna.

Tanto o sindicalista quanto o senador Paulo Paim avaliam que o governo tem condições de reajustar o mínimo para valor acima dos R$ 545,00, um teto que, conforme notícias na imprensa, a equipe econômica estaria disposta a oferecer. Em troca da atualização da tabela do IR em 6,5%, o salário mínimo chegaria a esse valor embutindo um aumento de apenas R$ 5,00 em relação ao fixado na medida provisória editada por Lula no último dia do seu governo, que dava ao salário o valor de R$ 540,00.

- Esses termos de troca são inaceitáveis. Não falo pelas centrais, mas aplaudo a recusa - comenta Paulo Paim, ele mesmo um ex-militante do movimento sindical no Rio Grande do Sul.

Insatisfação

As centrais, que já estavam insatisfeitas com a demora na abertura das negociações, ficaram ainda mais irritadas com a divulgação de valores na forma de "balão de ensaio". Para Juruna, isso só serviu para acirrar ânimos, com manifestações duras por parte dos dirigentes das centrais também pela imprensa. Na nota que divulgou na segunda-feira (24), a Força Sindical classificou de "nefasta" a oferta de R$ 545,00 para o salário mínimo em troca do reajuste na tabela do IR.

- Divulgar valores sem conversar com os interlocutores dificulta as negociações. Isso é o que chamamos de queimar propostas - criticou Juruna.

Paim afirma que os parlamentares não teriam como explicar à sociedade se optassem pelo "arrocho" do salário mínimo para garantir a correção da tabela do IR. Segundo ele, a classe média precisa ser atendida, mas uma medida não pode depender da outra.

- Corrigir a tabela pela inflação passada é uma obrigação do governo, para evitar que os contribuintes paguem ainda mais imposto de renda. Mas a lógica não deve ser a de tirar do miserável para o pobre, ou do pobre para a classe média - disse o senador.

A recente crise mundial provocou a retração da economia brasileira e levou ao recuo do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009. Como o crescimento do PIB de dois anos era um dos critérios do reajuste, o salário mínimo de 2011 deveria incorporar só a inflação, sem aumento real. Apesar disso e do mau desempenho das contas públicas desde aquele momento, Paim e Juruna avaliam que é possível um valor melhor para o mínimo, mesmo que não se chegue aos R$ 580,00 reivindicados pelas centrais.



25/01/2011

Agência Senado


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