Paim homenageia aniversário do líder da Revolta da Chibata



O senador Paulo Paim (PT-RS) lembrou os 123 anos de nascimento do líder da Revolta da Chibata, João Cândido, celebrados na última quarta-feira (25). Paim lamentou que o episódio da revolta dos marinheiros de 1910, que merece destaque, ainda permaneça marginal na historiografia oficial.

- Ainda não conseguimos pensar a história sem nos submetermos às representações distorcidas das elites - disse o senador.

Paim lembrou que o Brasil do início século 20 dispensava um tratamento aos seus marinheiros, na maioria negros, bem próximo ao aplicado aos escravos, sendo comum dar-lhes chibatadas para punir infrações disciplinares. Contra esse tratamento desumano, João Cândido liderou uma revolta, mas em vez de conseguirem anistia, os revoltosos foram duramente castigados e muitos até mesmo mortos.

O senador disse que não há data melhor do que o aniversário de João Cândido para pedir aos legisladores que recuperem a anistia desrespeitada na época do episódio. Ele lembrou que projeto da senadora licenciada Marina Silva, que concede anistia post mortem a João Cândido e demais participantes do movimento, aprovado pelo Senado em agosto do ano passado, está sendo examinado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.

Paim manifestou, ainda, apoio à decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos em favor das ações afirmativas de admissão às universidades americanas que leve em conta a raça do candidato. Para o senador, a determinação norte-americana terá -reflexos positivos- na conjuntura brasileira, já que o sistema de cotas ainda é muito contestado no país.

Ainda sobre esse tema, o senador mencionou a visita que recebeu na última quarta-feira (25) da jurista Renata Malta Vilas-Boas, que acaba de publicar o livro Ações Afirmativas e o Princípio da Igualdade. Na opinião do parlamentar, a obra demonstra que as ações afirmativas têm ampla base constitucional.

Ao final, Paim cumprimentou a determinação do prefeito de Porto Alegre, João Verle, de reservar 10% das vagas em concursos públicos municipais para afro-descendentes. A medida é uma resposta à reivindicação de um projeto encaminhado pelo movimento negro gaúcho à Câmara Municipal.

- Temos o privilégio de viver este momento, no qual a sociedade brasileira acorda para resgatar sua dívida com aqueles que contribuíram decisivamente para a formação do nosso país - finalizou.




26/06/2003

Agência Senado


Artigos Relacionados


Zambiasi assina manifesto de apoio ao líder da Revolta da Chibata

Aprovado projeto que concede anistia post mortem ao líder da Revolta da Chibata

Aprovada inclusão do nome do líder da Revolta da Chibata no Livro dos Heróis da Pátria

Aprovada inclusão do nome do líder da Revolta da Chibata no Livro dos Heróis da Pátria

Anistia póstuma a João Cândido, líder da Revolta da Chibata, é destaque em audiência pública

Paim registra os 100 anos da Revolta da Chibata