País já voltou a crescer, diz Meirelles à CAE



Em depoimento à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), nesta quinta-feira (25), o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que o processo de retomada do crescimento já está em andamento, mas alertou para a necessidade de aprovação de novas reformas - como o projeto da Lei de Falências e a definição dos marcos regulatórios - para garantir a retomada dos investimentos.

- O Brasil está crescendo e o pior ficou para trás. As perspectivas são muito melhores do que no início desse governo, e o nosso principal desafio é o de criar condições para o desenvolvimento sustentado, resultado da elevação da capacidade produtiva da economia - disse Meirelles no início da audiência pública.

A retomada do crescimento, de acordo com o presidente do Banco Central, não foi "fruto do acaso", mas o resultado de determinação e perseverança na condução da política monetária. Ele advertiu, contudo, que a política monetária garante estabilidade, mas sozinha não leva ao crescimento. A elevação do nível de investimento, observou, requer redução do risco Brasil e o aumento da poupança nacional. "Não há atalhos", alertou.

Meirelles recordou que a crise econômica ocorrida entre o final de 2002 e o início de 2003 elevaram o risco Brasil - atualmente em 600 pontos - para mais de 2400 pontos, afastando os investidores. A inflação anualizada do período, citou ainda, estava em torno de 43%, o que tornou necessária uma política rígida de combate à elevação de preços.

Pouco mais de um ano depois, disse o presidente do banco, a economia emite sinais de que superou o momento de crise e já se encaminha para um período de crescimento sustentado. Segundo os dados que apresentou à comissão, as vendas da indústria cresceram 17,8% no período entre junho de 2003 e janeiro de 2004. Ele admitiu a queda do nível de emprego em fevereiro, mas observou que ela é localizada na região metropolitana de São Paulo. Por outro lado, afirmou, o nível de emprego formal subiu 2,1% em todo o país, igualmente entre junho de 2003 e janeiro de 2004.

- O aumento do nível de emprego não reage imediatamente no início do ciclo de retomada do crescimento - observou Meirelles.

Ao comentar o debate no meio econômico sobre a possibilidade de o país acelerar o crescimento por meio da aceitação de uma inflação mais alta, o presidente do Banco Central disse que não há registro de país que tenha crescido de forma sustentada com altas taxas de inflação. Os países que cresceram, afirmou, são aqueles que tiveram inflação relativamente baixa e contam com taxas ainda mais baixas nos últimos anos. Ele defendeu a manutenção da política de metas de inflação, a seu ver adotada com sucesso por vários países emergentes. Nesses países, citou, a taxa média de inflação caiu de 13,11% para 5,95% após a adoção da política de metas.




25/03/2004

Agência Senado


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