Países desenvolvidos terão baixo crescimento financeiro



O crescimento de Estados Unidos, Japão e Europa (exceto a Alemanha) será tímido neste ano e nos próximos. A previsão está no Comunicado 119 – Estados Unidos, Europa e China no contexto da crise financeira internacional, divulgado nesta quinta-feira (3) em coletiva pública na sede do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). 

A apresentação foi feita pelo assessor técnico da presidência do instituto, Lucas Ferras Vasconcelos, e pelo técnico de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac), Cláudio Hamilton. “O cenário é diferente do que certamente acontecerá nos países em desenvolvimento”, afirmou Vasconcelos. A contribuição para o crescimento mundial, portanto, será maior por parte dos países emergentes. O técnico do Ipea explicou que a crise econômica de 2008 teve forte impacto na economia mundial, que, de 2005 a 2007, cresceu em média 5% ao ano. Em 2008, porém, a taxa ficou em 2,8%, e no ano seguinte, com a piora do quadro de crise, foi negativa (-0,7%). Em 2010, o crescimento retornou, mas os países desenvolvidos, especialmente Estados Unidos e Europa se recuperam muito lentamente.

 

Estados Unidos

Na crise de 2008, de acordo com Vasconcelos, o governo americano reagiu com fortes políticas intervencionistas, nos âmbitos monetário e fiscal, e conseguiu sanear o mercado financeiro do país, mas, mesmo com incentivos fiscais, a atividade econômica não ganhou força. “Desde o início de 2011, temos uma situação de semi-estagnação da economia norte-americana, por conta do baixo crescimento do consumo e instabilidade do investimento”, concluiu. O desempenho econômico ruim teve consequências no mercado de trabalho. A taxa de desemprego quase dobrou: de 4,6%, em 2007, para 9,1% em 2011. “A instabilidade fez com que os empresários protelassem seus investimentos”, disse. O assessor da presidência não prevê, no entanto, uma crise fiscal nos EUA. “Como os Estados Unidos são distribuidores da moeda chave mundial, há garantia sólida de seus títulos”.

 

Europa

Na Zona do Euro, também há a perspectiva de baixo crescimento econômico e alto desemprego, mas a situação é pior porque existem riscos de uma crise fiscal e bancária. Segundo Lucas Vasconcelos, Portugal tem atualmente 12% de desempregados, Grécia e Irlanda, 15%, e Espanha, 20%. “A situação nesses países é crítica, com aumento significativo da dívida pública. Na Irlanda, a dívida pública compromete hoje 70% do PIB”, afirmou. Os bancos europeus sofreram forte impacto da crise americana, o que obrigou os governos a arcarem com gastos bastante altos em planos de salvamento do sistema financeiro, gerando o quadro atual de fragilização das contas públicas. Países em melhor situação, na avaliação de Vasconcelos, não querem se dispor a salvar os mais problemáticos.

“De quando em quando vão surgir problemas políticos, devido as dificuldade de solidez de papéis públicos, e a Zona do Euro poderá dar soluções localizadas para problemas nesses países. O quadro é mais grave na região, pois, além de baixo crescimento e alto desemprego, há uma ameaça latente de crise bancária, que vai se estender por algum tempo”, previu.

 

China

Na China, a preocupação do governo, desde fim de 2010, não é com crescimento econômico, mas com agravamento do quadro inflacionário, afirmou Lucas Vasconcelos. “Em 12 meses, a inflação aumentou, chegando a 6,5% em julho, principalmente no setor de alimentos, mas provavelmente isso não implicará em dificuldades para o governo chinês”, alegou. Depois de 2008, a estratégia chinesa de recuperação foi muito bem sucedida. Segundo Cláudio Hamilton, no caso do país asiático, em meio à maior crise dos últimos 50 anos, seu crescimento passou de 11% para 9%. “A China vive um grande programa de investimento infraestrutural e de atendimento à demanda interna, movimento que dificilmente vai amainar nos próximos anos, por isso o otimismo”, finalizou.

 

Fonte:
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada



04/11/2011 15:14


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