Papaléo denuncia contaminação de mata-mosquitos



Por falta de treinamento para saber lidar com os inseticidas utilizados e sem equipamentos como roupas, máscaras, luvas e botas de proteção adequadas, muitos agentes de saúde, conhecidos como mata-mosquitos, estão sofrendo problemas graves de saúde. A denúncia foi feita pelo senador Papaléo Paes (PMDB-AP), que pediu providências ao ministro da Saúde, Humberto Costa, ao ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o senador pelo Amapá, o descaso vem sendo cometido há anos. Matéria de 3 de maio de 1998, do jornal O Globo, lida por Papaléo, informa que 122 funcionários da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) foram afastados do trabalho no ano anterior porque exames laboratoriais constataram que eles estavam contaminados por produtos químicos. Ele informou que a maioria destes 122, e outros funcionários na mesma situação, até hoje não receberam qualquer explicação ou indenização da Funasa.

- Os poucos que foram indenizados tiveram que recorrer à Justiça, tendo sido vitoriosos depois de esperarem bastante tempo - afirmou Papaléo Paes.

Na avaliação do senador, a Funasa poderia quitar sua dívida com estes funcionários de maneira espontânea. Ele leu manifesto em que os agentes de saúde informam que estão -morrendo lentamente- por terem passado boa parte de suas vidas aspirando o mesmo veneno destinado aos insetos e que são obrigados a deixar para seus filhos a herança de um pai doente.

Papaléo Paes informou que um dos principais venenos utilizados pela Funasa no combate a mosquitos tem o nome comercial de Abate 1-G, cujo princípio ativo é o produto químico temefós, que pertence ao grupo químico organofosforado. De acordo com o senador, em nota oficial divulgada pelo Centro Nacional de Epidemiologia, divulgada em junho deste ano, a Funasa garante que não existem evidências de que este produto cause danos à saúde humana.

- Ora, isso é mais do que um descaso. Aqui já se trata de acinte, de mentira, de verdadeiro deboche, sarcasmo com o sofrimento dos mata-mosquitos contaminados. A prova da mentira deslavada está em um informativo editado pela própria Funasa do Rio de Janeiro. Diz o Rio Informa, na edição nº 1 de 1998, a respeito dos organosfosforados, que são mais tóxicos para os vertebrados que os organoclorados, podendo intoxicar facilmente um indivíduo com uma dose relativamente pequena - declarou Papaléo.

Em aparte, o senador Mozarildo Cavalcanti (PPS-RR) opinou que a saúde pública vem sendo negligenciada no Brasil há vários anos. Ele citou como conseqüência desse descaso o recrudescimento da dengue, por falta de uma campanha de esclarecimento adequada e pela demissão de agentes. Já o senador Mão Santa (PMDB-PI) comentou que outros serviços públicos, como os hospitalares, também estão sujeitos a contaminações e os funcionários que atuam nesta área correm risco de vida.



19/11/2003

Agência Senado


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