PARA ADEMIR, NOTA DE SERRA SOBRE SITUAÇÃO DA SAÚDE REVELA A VERDADE



A nota do ministro da Saúde, José Serra, sobre a situação da saúde no Brasil foi elogiada nesta quinta-feira (dia 5) pelo senador Ademir Andrade (PSB-PA). - O ministro falou a verdade que a oposição já vinha denunciando há muito tempo. Os recursos da CPMF que deveriam ser destinados à Saúde não estão sendo utilizados para essa finalidade - afirmou o senador, que pediu a transcrição do texto do ministro em ata, como parte de seu discurso.De posse de dados do Orçamento da União, Ademir Andrade chegou à conclusão de que, dos R$ 7,7 bilhões arrecadados através da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) este ano, R$ 5,7 bilhões foram retirados para outras finalidades. - O dinheiro está sendo desviado para outras destinações, possivelmente para pagamento dos serviços das dívidas interna e externa.O senador acusou o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso de estar diminuindo os recursos para a Saúde. - O ministro afirma em sua nota que o orçamento da Saúde caiu 12,4% em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos quatro anos - destacou.Ademir Andrade, que vinha de reunião do Conselho Nacional de Saúde, na condição de presidente da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), relatou que os membros do conselho ficaram satisfeitos com a manifestação de Serra, mas acreditam ser impossível continuar a manter o setor até o final do ano com o corte de R$ 1,12 bilhão previsto pela área econômica do governo. - Vai ser impossível manter o Sistema Único de Saúde (SUS) com esse grau de miserabilidade. O ministro, o conselho, ninguém vai aceitar esses cortes, ainda mais porque o dinheiro é para pagar juros a banqueiros - avaliou Ademir Andrade.O presidente da CAS anunciou que vai apresentar na próxima reunião da comissão (dia 11) requerimento de convocação dos ministros José Serra, da Saúde; Paulo Paiva, do Planejamento, e Pedro Malan, da Fazenda, além de integrantes do Conselho Nacional de Saúde para discutir os cortes no setor. A reunião para ouvir essas autoridades, caso aprovada a convocação, será realizada no dia 18, em conjunto com a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, presidida pelo deputado Roberto Santos.MORATÓRIAAnalisando o orçamento para 1999, o senador observou que o país vai pagar R$ 88 bilhões da amortização das dívidas interna e externa.- Isso é quase cinco vezes o total de recursos gastos em saúde em todo o Brasil ou duas vezes a folha de pagamento dos servidores públicos. Não sei onde Fernando Henrique Cardoso quer chegar - criticou.Ademir Andrade denunciou também o aumento da dívida interna, que passou de R$ 60 bilhões para R$ 400 bilhões nos quatro anos de governo de Fernando Henrique. - Somente de juros o país pagou este ano o dobro do que já arrecadou com a venda de todas as empresas estatais - afirmou.Para o senador, chegou a hora de o país discutir seriamente uma moratória e renegociar a dívida com banqueiros nacionais e internacionais. - O Brasil não é um paisinho qualquer que não possa se impor. É um país grande e privilegiado, com a oitava economia do mundo. Não dependemos dos outros. Eles dependem de nós muito mais - concluiu Ademir, listando as qualidades da economia do país.

05/11/1998

Agência Senado


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