PARA ALCÂNTARA, É PRECISO REFLETIR SOBRE REINCIDÊNCIA DO MOVIMENTO DOS AGRICULTORES



O fato de os agricultores pressionarem o governo e o Congresso Nacional não é novo, salientou nesta terça-feira (dia 17) o senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), e é exatamente sua reincidência que exige reflexão sobre as dificuldades crônicas da agricultura brasileira. Para o senador, "há uma cortina de fumaça que nos impede de ver o que realmente está acontecendo, mas, à primeira vista, as dificuldades do setor estão democraticamente disseminadas".Dizendo não ter elementos para ajuizar se existe manipulação do movimento por parte de devedores contumazes, Lúcio Alcântara observou que no movimento convivem tanto os setores agrícolas mais modernos direcionados para a exportação, com alta produtividade, acesso a crédito e mercado externo, como aqueles mais atrasados. Sem distinção, as reclamações contra a falta de condições de pagamento das dívidas contraídas são feitas por todos os setores agrícolas, de todos os estados brasileiros, e "a situação é difícil, praticamente insolúvel", disse o senador.Em aparte, o senador Geraldo Melo (PSDB-RN) disse ser impossível tratar como irresponsáveis e caloteiros os pequenos, micro, médios e grandes agricultores de todas as regiões do país. Para ele, Alcântara "deu a entender qual o fulcro do problema", que estaria no relacionamento do setor agrícola com o sistema financeiro, "todo-poderoso". Uma coisa, disse, é pagar empréstimos com encargos admissíveis, outra é o sistema bancário fixar cobranças a seu bel-prazer. E exemplificou: em caso de atraso no pagamento, há bancos que cobram juros de mora de 2% e multa de 34% ao mês. Geraldo Melo admitiu que a situação pode estar favorecendo a incorporação de devedores contumazes, mas "há uma relação absolutamente insustentável entre o sistema produtivo e o sistema bancário, pois há um autoritarismo unilateral por parte dos agentes financeiros".Alcântara concordou, acentuando que o sistema financeiro deixou de ser o financiador do sistema produtivo para transformar-se em seu "coveiro".A senadora Heloísa Helena (PT-AL) integrou-se ao debate para dizer que os problemas que hoje concentram as preocupações nacionais - sistema financeiro, agricultura e pobreza - deveriam ser tratados conjuntamente, discutindo-se a opção econômica do governo e a forma de inserção do país na nova realidade internacional. Na opinião do senador Roberto Saturnino Braga (PSB-RJ), a discussão do modelo econômico pode ser feita pontualmente, em função das demandas atuais, ou diretamente, concentrando a discussão no núcleo das políticas que definem o atual modelo.

17/08/1999

Agência Senado


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