LÚCIO ALCÂNTARA DIZ QUE É PRECISO REVERTER POLÍTICAS GLOBALIZANTES



Os relatórios anuais da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), do Banco Mundial e da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), "instituições insuspeitas", como salientou nesta quarta-feira (dia 22) o senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), apontaram, com pequenas diferenças, para os efeitos sociais adversos resultantes das políticas econômicas tipicamente globalizantes
Na avaliação do senador, a abertura comercial, a redução da força dos estados nacionais e a reestruturação dos sistemas de produção e de emprego foram particularmente adversas para os países subdesenvolvidos, que registraram um aprofundamento das desigualdades sociais e da concentração de renda, com aumento da miséria, da doença e da marginalização.
De acordo com Lúcio Alcântara, os relatórios revelam que esses importantes organismos se deram conta de que "seu receituário não teve os efeitos desejados" e estão revisando seus principais conceitos. "Isto tudo é um sinal de alarme", enfatizou.
Entre os indicadores mais relevantes contidos nos relatórios, o senador destacou que, entre 1987 e 1999, o número de pessoas no mundo que sobrevivem com menos de US$ 1 por dia aumentou de 1,2 bilhão para 1,5 bilhão. A persistirem as mesmas condições de hoje, em 2015 o total dessas pessoas atingirá 1,9 bilhão, informou.
Alcântara disse que o Brasil fez um enorme esforço para adotar as reformas preconizadas pelos organismos multilaterais, mas que, em troca, teve e tem suas exportações prejudicadas pelo protecionismo que caracteriza a política comercial dos Estados Unidos e dos países europeus. "Nossos países devem se unir e manifestar sua insatisfação nos fóruns internacionais", recomendou o senador.
Em aparte, o senador Tião Viana (PT-AC) concordou que "a hora é de reflexão profunda para a classe política", que deve decidir-se entre "a subserviência ou o amor pelo Brasil". Ele reiterou que são inaceitáveis as pressões e ameaças feitas pelo vice-presidente americano Al Gore sobre os países que querem adotar legislação garantindo a comercialização de medicamentos genéricos.

22/09/1999

Agência Senado


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