Para Alcântara, "escolhas políticas" das potências mundiais disseminam a fome no mundo
Ao analisar os resultados da recente cúpula mundial sobre a fome, realizada na Itália, o senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) identificou fatores diversos a ampliar a legião de famintos no Brasil e no exterior. Enquanto as -escolhas políticas- das grandes potências mundiais concorreriam para disseminar a fome principalmente entre os países da Ásia e da África, a -alta concentração de renda- seria o maior vilão da carência alimentar de milhões de brasileiros.
As críticas de Alcântara sobre a postura internacional frente ao problema dirigiram-se especialmente aos Estados Unidos. Ao contrário da União Européia e dos países em desenvolvimento, os Estados Unidos se recusaram a endossar um código de conduta da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) que dá aos pobres o direito de exigir responsabilidades dos governos pela oferta de alimentação adequada para todos. Conforme alegou o governo norte-americano, a medida dificultaria a manutenção de embargos econômicos, como os adotados contra Cuba e Iraque.
Quanto à situação nacional, a própria delegação brasileira reconheceu, na cúpula mundial, que a concentração de renda é o maior obstáculo para o combate à fome. -Segundo nossas autoridades, mesmo com a melhoria de muitos indicadores sociais, a concentração de renda no país ainda é muito acentuada e os níveis médios de remuneração dos 10% mais pobres da população continuam muito baixos, equivalentes a 17 dólares, o que compromete o nível de consumo alimentar-, comentou o senador.
Se uma maior oferta de alimentos aos brasileiros depende de uma melhor distribuição de riquezas, Lúcio Alcântara acredita que intensificar a política de geração de empregos é o caminho viável para garantir renda à população carente. Na ocasião, o senador cearense relembrou a -coragem- do geógrafo Josué de Castro em denunciar a produção da fome e de famintos. Passados quase 30 anos de sua morte, a fome continua a castigar cerca de 800 milhões de pessoas no mundo, o que leva Alcântara a duvidar do cumprimento do desafio posto pela FAO de erradicar o mal até o ano de 2015.
28/06/2002
Agência Senado
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