Para Alvaro Dias, medidas anunciadas pelo governo para coibir quebra de sigilos na Receita foi tentativa de abafar escândalo
Uma encenação, um espetáculo de marketing e uma tentativa de abafar o escândalo. Foi dessa forma que o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) classificou o anúncio feito na terça-feira (14) pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, das medidas que o governo adotará para coibir a quebra de sigilos na Receita Federal. O parlamentar questionou a necessidade de o presidente da República editar uma medida provisória para punir com demissão sumária os funcionários da Receita que acessarem, de forma irregular, dados protegidos por sigilo.
Na avaliação do senador, o anúncio feito pelo ministro foi uma tentativa de ocupar espaço na mídia visando reduzir o noticiário destinado às denúncias. As providências anunciadas no sentido de investigar a violação também foram consideradas por Alvaro Dias como uma tentativa de acobertar, em vez de apurar os fatos. Ele também criticou o fato de Mantega ter considerado "normal" a quebra de sigilo.
- A banalização desse crime pode não incomodar as pessoas menos avisadas. Mas as esclarecidas, especialmente quem participou ativamente do processo de redemocratização do país, não podem aceitar passivamente essa violência. A presença do ministro da Fazenda diante desses fatos, anunciando as providências que anunciou, é esdrúxula, patética e estapafúrdia. Não são providências que se compatibilizam com a gravidade do momento, com a violação de sigilo e a prática de corrupção no governo - afirmou Alvaro Dias.
Também recebeu críticas a declaração da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, de que estaria sendo vítima de uma campanha de difamação em favor "de um candidato aético e já derrotado, em tentativa desesperada da criação de um fato novo que anime aqueles a quem o povo brasileiro tem rejeitado". Alvaro Dias afirmou que a ministra não tem autoridade moral nem política para tanto e deveria antes se justificar sobre as acusações que vem sofrendo.
Em aparte, a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) confessou que tem lhe causado espanto a apatia da população diante das denuncias envolvendo integrantes do governo federal. Já a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) declarou que o candidato José Serra não está disputando a eleição apenas contra a candidata Dilma Rousseff, mas contra todo o governo, que teria sido instrumentalizado pelo PT. Por sua vez, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) concordou que o Brasil está "anestesiado" diante dos escândalos.
- Estamos vivendo um período de difícil compreensão. Nesse escândalo envolvendo a chefe da Casa Civil, seu filho e os Correios, além da imoralidade do ato do tráfico de influência, tem algo que a Nação não pode aceitar: a falência do Sedex. A rede postal noturna foi, durante anos a fio, modelo para o mundo. De repente entrou nesse caos anunciado - disse Heráclito Fortes.
15/09/2010
Agência Senado
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