PARA ARTUR DA TÁVOLA, RUI CONCENTROU IDEALISMO E PRAGMATISMO DA POLÍTICA
Entre os dois temperamentos que caracterizam a vida política - o idealismo e o pragmatismo -, Rui Barbosa talvez seja a figura que mais tenha concentrado esse conflito eterno, que reproduz a dualidade do próprio temperamento humano, dividido entre a afirmação de valores e a dedicação às normas que pavimentam a conquista do poder, disse o senador Artur da Távola (RJ). O senador foi um dos oradores da sessão solene em homenagem a Rui Barbosa realizada nesta quarta-feira (dia 10) pelo Congresso Nacional.- Rui encarna esse conflito como poucos. Foi basicamente um idealista que fez o que pôde para ser eficaz - observou.A história da vida de Rui Barbosa é a de "uma tentativa quase fracassada" de conciliar idéias políticas e o esforço para concretizá-las, pois passou à História como "homem que não conquistou o poder", dadas as derrotas que colecionou, enfatizou o senador.Para os idealistas, na opinião de Távola, a vitória está fora deles, como ocorreu com Rui Barbosa, "um vitorioso pelas idéias", defendidas em todos os fronts de luta, entre eles a imprensa, que então era pautada pela política e não o contrário, como acontece nos dias de hoje. - Rui sempre teve no jornalismo uma de suas frentes militantes. Possivelmente porque soubesse que a política, por mais eloqüente que seja, nem sempre é capaz de chegar às consciências. Portanto na imprensa exercia um curioso pragmatismo, não o da vitória no poder, mas o da vitória das idéias, da capacidade de disseminá-las - disse.As candidaturas à Presidência da República foram apenas duas das muitas derrotas sofridas por Rui Barbosa, mas o que importa, conforme o senador, é que, "diante da História, não serão apenas os êxitos as matérias das lições políticas". No caso, a grande lição dada pela vida do baiano Rui Barbosa foi a de que "o êxito, a vitória ou a eventual glória na mídia" nada valem diante da força moral. "Vale permanecer fiel a si mesmo, custe o que for", resumiu.
10/11/1999
Agência Senado
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