PARA BENEDITA, DESARMAMENTO AJUDA A REDUZIR VIOLÊNCIA
Para a senadora Benedita da Silva (PT-RJ), o combate à crescente violência no país e, em particular, no Rio de Janeiro, passa obrigatoriamente pelo desarmamento. Benedita destacou em discurso pronunciado hoje (dia 28) no plenário que uma aliança importante nesse sentido foi firmada entre os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Bolívia) no último dia 18, quando foi assinada declaração em que esses países se comprometeram a exercer um maior controle sobre o comércio e uso de armas de fogo.
-Como esperar a redução da violência se, só no Rio, entram 15 mil novas armas por mês? - questionou a senadora, acrescentando queiniciativas como a dos países do Mercosul favorecem uma maior integração e unificação de esforços para desmantelar o crime organizado, na sua opinião, grande responsável pelo contrabando de armas para o Brasil.
A Polícia Federal calcula que o crime organizado movimente 8,5 bilhões de dólares anuais entre o Brasil e o Paraguai, informou Benedita.E comentou, quanto à posição dos Estados Unidos em relação ao comércio de armas: "O presidente Bill Clinton suspendeu, em agosto de 1997, a proibição de venda de armas sofisticadas para a América Latina, que vigorava há 20 anos, devido à pressão de sua poderosa indústria bélica".
Tal resolução americana acabou redundando em uma corrida armamentista na América Latina, acentuou a senadora, lembrando que, após a liberação, o Chile manifestou a intenção de comprar até duas dúzias de caças F-16 dos Estados Unidos. "Mais tarde, a Força Aérea Brasileira sondou a possibilidade de comprar algumas dezenas do mesmo avião", destacou.
Benedita comentou que, segundo estimativas da ONU, o comércio legal e ilegal de armas de fogo movimenta US$ 500 bilhões por ano, sendo que deste total US$ 360 bilhões correspondem aos Estados Unidos.
Ela observou que na 4ª Conferência Mundial sobre o uso de armas de fogo, realizada pela ONU este ano, estiveram presentes 45 países e foram discutidos temas como tráfico de armas, intercâmbio de informações e adoção de leis severas contra o comércio desses produtos.
Para a senadora, o Brasil tem uma legislação severa sobre armas, mas não vai tão bem na aplicação efetiva da legislação, nem possui estatísticas confiáveis. Benedita lembrou que a polícia brasileira apreende com freqüência armas sofisticadas nas mãos de traficantes.
28/04/1998
Agência Senado
Artigos Relacionados
Sérgio Souza defende desarmamento para evitar tragédias e reduzir violência
BENEDITA QUER AJUDA DE "FAMÍLIAS MAIS AFORTUNADAS" PARA TIRAR MENINOS DA RUA
BENEDITA QUER INSTITUIR PUNIÇÃO PARA VIOLÊNCIA FAMILIAR
BENEDITA TRANSMITE A PELÉ PEDIDO DE AJUDA DO HAITI
BENEDITA DEFENDE MEDIDAS MAIS SEVERAS PARA VIOLÊNCIA CONTRA MULHER
Demostenes defende desarmamento, mas não crê em queda na violência