Para Casagrande, Senado sai enfraquecido com a absolvição de Renan



Enquanto o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) deixava o Plenário, depois de ser absolvido da acusação de quebra de decoro parlamentar, sob as vaias de jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas, o senador Renato Casagrande (PSB-ES), um dos autores do parecer que recomendou a perda do mandato do presidente do Senado, lamentava a decisão.

- É uma pena. Temos que reconhecer que o Plenário é soberano, mas, ao que parece, é uma soberania arrogante, que não considera a vontade da população. O Senado, hoje, deu uma demonstração clara dessa desconexão, e sai enfraquecido - observou.

Para Casagrande, o relatório aprovado no Conselho de Ética, elaborado por ele e pela senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) e convertido no projeto de resolução examinado na tarde desta quarta pelo Plenário, é um documento técnico, bem embasado, e que reflete essa vontade popular.

No relatório aprovado no colegiado na última semana, em votação aberta, por 11 votos a 4, Casagrande e Serrano afirmam que Renan teria exposto o Senado perante a opinião pública quando se valeu do funcionário de uma empreiteira com acesso a verbas públicas para pagar pensão a uma filha que teve num relacionamento extraconjugal com a jornalista Mônica Veloso.

O relatório concluiu que o presidente do Senado mentiu quando afirmou que teria arcado com a pensão alimentícia com recursos próprios, advindos de sua renda enquanto parlamentar e de operações agropecuárias. De acordo com os documentos apresentados, periciados pela Polícia Federal, o senador não teria capacidade financeira para fazer frente a suas despesas pessoais.

Casagrande frisou que "a crise não acabou".

- Há outras representações tramitando contra o senador Renan. Ao absolvê-lo nesse primeiro processo, o Senado tomou a decisão de alongar a crise, o que só vai enfraquecer ainda mais a instituição - disse.

A primeira das representações a que o relator se referiu, de autoria do PSOL, já transformada em processo, baseia-se em denúncia, publicada pela revista Veja, de que Renan teria utilizado seu prestígio político para beneficiar a Schincariol após a cervejaria ter adquirido uma empresa de seu irmão, deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), por preço acima do de mercado.

A segunda representação, também baseada em denúncia da Veja, foi protocolada pelo DEM e pelo PSDB, e tem o objetivo de apurar a suspeita de que Renan Calheiros seria sócio oculto de empresas de comunicação em Alagoas.

A última representação, também protocolada pelo PSOL, ainda não foi enviada ao conselho. Ela deverá investigar a denúncia, divulgada pelas revistas Veja e Época, de que Renan seria parceiro do lobista Luiz Garcia Coelho num esquema de arrecadação de propinas em ministérios chefiados pelo PMDB.



12/09/2007

Agência Senado


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