Para combater violência, jornalista defende ação integrada do Estado



Somente ações integradas e transversais do Poder Público, em conjunto com organizações não-governamentais e empresas, podem diminuir a violência em áreas que não oferecem oportunidades aos jovens, disse nesta quinta-feira (29), em audiência pública promovida pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS), o jornalista Gilberto Dimenstein. Ele citou informações publicadas na imprensa, com base em informações da Anistia Internacional, que apontam que o Rio de Janeiro e São Paulo como áreas mais violentas do que locais com conflitos deflagrados no mundo.

De acordo com o jornalista, somente com um grande investimento no capital social dessas comunidades será possível elevar a auto-estima dos jovens, fazendo com que eles sintam que pertencem autenticamente à família, à escola e à sociedade.

- O que provoca delinqüência é a sensação de não pertencer a nada. É isso o que dinamita esse conceito fundamental que é a auto-estima. A solução é um -Plano Marshall- para essas áreas de gueto no Brasil. O mal das políticas públicas é a fragmentação. As ações de educação, saúde e esportes, entre outras, devem ser acopladas. Caso contrário, índices de fracasso serão muito grandes como têm sido - declarou Dimenstein, citando experiências bem sucedidas de integração dos jovens à sociedade no Ceará, na Bahia e em São Paulo.

Ele afirmou que as igrejas evangélicas conseguem proporcionar uma situação de ordem em comunidades onde se instalam porque dão para os indivíduos essa -sensação de pertencimento-. O jornalista admitiu que a baixa auto-estima dos jovens e dos chefes de família tem relação com a desocupação, mas questionou a existência uma relação direta entre violência e desemprego.

- Esse é um mito que continua a ser repetido, orientando políticas públicas. Na Índia, por exemplo, um país mais pobre, o nível de homicídios é menor que em Florianópolis, uma das capitais brasileiras com menores índices de violência. A relação do emprego com a violência é mais complexa - disse Dimenstein, citando estudos realizados nos Estados Unidos que não estabeleceram relações entre renda, desemprego e violência.

Na mesma linha, a presidente da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) e autora do requerimento para a realização da audiência pública, senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), disse que as políticas públicas têm que ser orientadas no sentido de dar à juventude a condição de protagonista de seu próprio destino. -É preciso oferecer oportunidades integrais, em todas as áreas, que possam proporcionar uma vida melhor aos jovens-, afirmou.



29/05/2003

Agência Senado


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