Para CPI, Waldomiro Diniz representava interesses de empresários do ramo de jogos junto ao governo



O relatório final da CPI dos Bingos conclui que o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz, defendia os interesses de empresários do ramo de jogos junto ao governo federal, principalmente do grupo comandado por Alejandro Ortiz, que teria ligações com a máfia italiana.

Graças às ligações de Waldomiro com o ramo de jogos, um grupo interministerial coordenado pela Casa Civil teria elaborado um pré-projeto de lei visando a legalização dos bingos estabelecendo critérios sobre o seu funcionamento que beneficiariam Ortiz em detrimento de um de seus principais concorrentes - Carlos Augusto Ramos, o "Carlinhos Cachoeira".

A disputa entre a família Ortiz e Carlinhos Cachoeira pelo comando do mercado de bingos e de máquinas eletrônicas de jogos estaria na raiz do escândalo que, divulgado em 2004, motivou a criação da CPI dos Bingos. Cachoeira é o mesmo empresário que aparece numa fita de vídeo conversando com Waldomiro Diniz e recebendo pedido de propinas em troca de favorecimento em licitações. As imagens haviam sido gravadas a mando do próprio Carlos Augusto Ramos em 2002, quando Diniz era presidente da Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj) e teriam sido usadas por Cachoeira como forma de chantagem para ter atendidos os seus interesses junto ao governo.

O relatório da comissão aproveita vários conclusões que constam do documento final de outra CPI, a da Loterj, instalada pela Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. A CPI fluminense constatou que Waldomiro Diniz favoreceu Alejandro Ortiz ao proibir, em 2002, a abertura de novas casas de bingo no Rio de Janeiro, permitindo, no entanto, o funcionamento daquelas que já estavam instaladas - a maioria delas ligadas à família Ortiz.

Waldomiro, no entanto, também teria beneficiado Carlos Cachoeira, elaborando editais de licitações da Loterj que atendiam diretamente aos seus interesses. Em troca o empresário teria doado dinheiro para campanhas eleitorais do PT. Diniz confessou que pelo menos a campanha de Geraldo Magela ao governo do Distrito Federal recebeu esse dinheiro.

O relatório final pede os indiciamentos de Waldomiro Diniz, Carlos Cachoeira e de mais 19 pessoas envolvidas com as fraudes a Loterj.



08/06/2006

Agência Senado


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