Para Cristovam, oposição é garantia de democracia
Em discurso no Plenário nesta sexta-feira (24), o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) externou sua preocupação com o que qualifica de tentativas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de universalizar o apoio ao governo. Para o senador, as propostas de diálogo de Lula com a oposição na verdade encobrem um desejo de cooptar os políticos opositores. Cristovam lembrou que Lula sugeriu que a oposição parasse de se opor ao governo até 2010.
O parlamentar pelo Distrito Federal considera que todos os partidos devem dialogar com o presidente, mas defendeu que o PDT se mantenha na oposição. Para o senador, deixar o país sem oposição seria matar a democracia. Na opinião de Cristovam Buarque, Lula deveria apelar para que as pessoas continuassem na oposição denunciando falhas, fazendo uma oposição propositiva, cobrando resultados.
- Apóio a idéia do presidente de dialogar, mas deixo minha preocupação com a intenção de cooptar. Não há democracia em que todos os parlamentares apóiem o governo. Governo sem oposição é ditadura - disse Cristovam.
O senador disse desejar que Lula tenha uma base de apoio amplo para governar, mas espera que alguns partidos vejam que é na oposição que eles podem dar ao país a melhor contribuição. Cristovam acha que a tentativa de Lula em dialogar com a oposição demorou até demais, mas, para o senador, a maneira como Lula está propondo o diálogo - "querendo que a oposição venha para o lado dele" - é perigosa para o Brasil.
- Não há bom governo sem boa oposição. Se o partido não quer ser oposição, queentre no governo, mas querer que todos façam isso é matar a democracia - afirmou.
Em aparte, o senador Heráclito Fortes (PFL-PI) disse considerar inaceitável que um presidente da República eleito faça uma proposta dessa natureza.
- O (Hugo) Chávez disse coisa parecida na Venezuela e o (Evo) Morales, na Bolívia. Minha preocupação é que a reconstrução democrática comece a definhar nos seus alicerces. Essa é uma declaração aloprada - considerou Heráclito.
24/11/2006
Agência Senado
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