Para Crivella, clientes é que vão fazer diminuir spread bancário



O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) disse, em audiência pública nesta quarta-feira, que quem vai diminuir o spread bancário são os clientes, "porque o interessado é sempre o melhor instrumento da transformação". Para isso, o senador defendeu os instrumentos da portabilidade e o cadastro positivo e questionou se o governo prepara uma campanha educativa para que os brasileiros saibam quais instrumentos poderão utilizar na negociação com os bancos.

Crivella também quis saber se há possibilidade de os bancos públicos financiarem, dentro do crédito habitacional, a mobília de quem adquire casa própria. Ele disse que essa proposta poderia alavancar a indústria moveleira e a de eletrodomésticos. O senador anunciou que está trabalhando em conjunto com fabricantes de eletrodomésticos para o lançamento de uma linha de produtos populares, como os automóveis de mil cilindradas. O senador ainda manifestou preocupação com a inadimplência nos financiamentos de automóveis.

- Haverá um programa de renegociação de dívidas ou vamos simplesmente executar e agravar a crise? - perguntou.

Respondendo aos senadores, o presidente do Banco do Brasil, Antônio Francisco de Lima Neto, informou que existia uma linha convencional para operações de recompra no exterior que financiava 1/3 das exportações brasileiras em conjunto com outros bancos estrangeiros. Quando a crise estourou, o Banco do Brasil ficou sozinho e teve que fazer escolhas por duas semanas. Em seguida, o Banco Central passou a disponibilizar linhas de crédito até que as operações voltassem ao normal. Antônio Francisco disse que, atualmente, o BB tem feito financiamentos de R$ 1 bilhão a R$ 1,3 bilhões por mês.

- Aumentamos a nossa participação no comércio exterior de ¼ para 1/3 - afirmou.

Antônio Francisco disse que o BB tem R$ 600 bilhões de ativos e tem atuado bem tanto no atendimento à pequena quanto à grande empresa. Ele explicou que o spread bancário projetado, segundo dados de 2007 divulgados pelo Banco Central, é composto por impostos diretos (10.53%), impostos indiretos (7.82%), custos administrativos (13.5%) e inadimplência (37.35%), sendo este último o maior responsável pelas altas taxas. Na avaliação do presidente do BB, o combate à inadimplência pode ser feito com normas que possibilitem menor risco, com o cadastro positivo e com a portabilidade.

Em relação às dívidas, Antônio Francisco disse que hoje não é possível para um banco ser rígido em relação ao devedor. Ele ressaltou que, pior do que a inadimplência, é perder o cliente e, por isso, existe bastante espaço para renegociação de dívidas.

- Quando percebemos que o cliente vai se tornar um inadimplente, oferecemos logo uma linha de crédito com taxas menores para saldar aquela dívida - disse.

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18/03/2009

Agência Senado


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