PARA LOPES, PAÍS SEM MOEDA É COMO PAÍS SEM BANDEIRA
Em resposta ao senador José Fogaça (PMDB-RS), o presidente interino do Banco Central, Francisco Lopes, revelou sua posição contrária à dolarização da economia. Para ele, a possibilidade de adoção da moeda americana e de renúncia do país sobre a política monetária, que vem sendo aventada pela Argentina, não é correta.- Os argentinos, na minha opinião, - disse Lopes - não devem fazer isso. Uma sociedade sem moeda é uma sociedade esquisita, é como um país sem bandeira. Manter a moeda é uma obrigação prioritária de qualquer governo.A questão de Fogaça relacionou-se ao projeto de uma futura unificação monetária dos países do Mercosul e às opções de política cambial que o Brasil tem para os próximos meses. O senador acredita, que, na Argentina, a utilização do sistema de currency board, em que o peso argentino tem paridade com o dólar, levou a uma "desdolarização" da economia daquele país, e não ao contrário.Apesar de admitir sua admiração pelo regime cambial argentino, que teve sucesso no controle da taxa de inflação, mantendo taxas de crescimento "razoáveis", Lopes considera que a convertibilidade da moeda local pelo dólar "não é para quem quer, é para quem pode". Nesse sentido, o Brasil não estaria em condições de adotar esse tipo de regime cambial no momento atual.- A unificação monetária é uma coroação natural do Mercosul, mas envolve a coordenação das políticas de seus membros. O primeiro passo para isso é o real forte. A unificação deve ser feita em cima de uma moeda comum, não em cima do dólar. A não ser que queiramos fazer a unificação monetária com os Estados Unidos, mas não é isso o que se coloca no momento - afirmou Lopes.A situação das reservas internacionais também foi questionada por Fogaça. Segundo Lopes, os compromissos do país para os próximos 12 meses não passam de US$ 12 bilhões.- Mesmo se não houver entradas, ainda assim, o país terá reservas sólidas. Não há risco de inadimplência. O fluxo cambial que está sendo notado (desde a adoção da flutuação cambial) é normal - declarou o presidente do BC.
26/01/1999
Agência Senado
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