PARA O GOVERNO, TERMELÉTRICAS SÃO FUNDAMENTAIS PARA SUPRIR AUMENTO DA DEMANDA POR ENERGIA



Para atender à previsão de demanda de energia elétrica para os próximos 10 anos, é necessário que a capacidade instalada de produção no Brasil seja aumentada em 4,5 megawatts/hora (MW/h) por ano, por habitante. Foi o que disse o diretor do Departamento Nacional de Desenvolvimento Energético do Ministério das Minas e Energia (MME), Boris Garbati Gorenstin. Segundo ele, o Brasil utiliza apenas 25% de seu potencial hidrelétrico, mas contingências conjunturais levaram a um programa de incentivo para a implantação de termelétricas.

As afirmações de Gorenstin foram feitas na audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicas (CAE) que debateu a política de preços para a indústria do gás natural, nesta terça-feira (dia 21). De acordo com o diretor do MME, o aumento da base térmica de geração de energia elétrica é necessário para a recuperação dos reservatórios das hidrelétricas.

Com uma maior disponibilidade de gás natural, produzido no país ou importado da Bolívia e da Argentina, o governo federal quer aumentar a participação dessa matriz energética na produção brasileira, passando dos 9,2% atuais para 25%, em 2009. As maior parte das usinas termelétricas hoje em operação é movida a óleo ou carvão. As movidas a gás são hoje apenas 3% do total, percentual bem aquém da Argentina (47%) e dos Estados Unidos (24%).

Outro fator favorável às termelétricas é a possibilidade de construção próxima aos centros consumidores, o que evita investimentos maciços em transmissão, assim como as perdas dela decorrentes. Além disto, acrescentou Gorenstin, as usinas térmicas têm hoje uma confiabilidade muito maior do que no passado.

Para os próximos seis anos, a capacidade de produção tem de ser acrescida em 26 mil MW/h, ou seja, 40% da atual capacidade instalada - quantidade superior à da Argentina e do Chile, somadas. Segundo o representante do MME, as 23 hidrelétricas em construção no início do primeiro mandato do atual governo equivalem à geração 15 mil MW/h. A viabilidade encontrada para a expansão foi a instalação de um grande programa de termelétricas a gás, chamado Programa Prioritário de Termeletricidade.

Gorenstin ressaltou que o programa foi montado sem nenhum subsídio federal, com investimentos de US$ 6 bilhões feito por 54 investidores privados. Serão construídas usinas em 18 estados, com um consumo previsto de 47 milhões de metros cúbicos de gás por dia.

O diretor do MME chamou a atenção para a necessidade de se garantir o equilíbrio entre a oferta e a demanda de energia até 2003, para quando está prevista a liberação do mercado de energia elétrica. Ele informou ainda que o consumo de energia elétrica cresceu em 12% ao ano na década de 70, ritmo que decresceu para 6% nos anos seguintes até a vigência do Plano Real. De 1994 até agora, a média de crescimento foi de 4,4%, com previsão de 5,2% para os próximos 10 anos. O Brasil, depois da China, é o país cujo consumo de energia elétrica mais cresce no mundo.

Gorenstin ressaltou, no entanto, que o consumo médio por habitante ainda é muito baixo, mesmo para padrões da América Latina, o que leva à previsão de um grande potencial para crescimento no Brasil. Do consumo total residencial, 60% é feito pelos 20% mais ricos da população. Além disto, há 20 milhões de habitantes no campo sem acesso à oferta de energia elétrica.

21/11/2000

Agência Senado


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