Para Paulo Souto, estatais precisam voltar a investir



Depois de um mês de trabalho, em que tomou depoimentos dos ministros de Minas e Energia, José Jorge, e da Casa Civil, Pedro Parente - que é presidente da Câmara de Gestão da Crise de Energia -, de especialistas das universidades e de técnicos do governo federal, o senador Paulo Souto (PFL-BA), relator da comissão especial do Congresso que estuda soluções para a crise de energia elétrica, acredita que, para contornar a situação mais brevemente, as estatais do setor devem voltar a investir na construção e expansão de hidrelétricas. Nessa linha, Souto entende que a geração de energia hidrelétrica deve manter-se controlada pelo Estado pelo menos no médio prazo.

Apesar de reconhecer que houve imprevidência na condução do problema por parte do governo, o senador destaca que a população precisa cumprir o racionamento. "As medidas tomadas estão na direção certa, pois é a única direção possível", declarou.

Ainda assim, mesmo se todas as metas de economia de energia forem cumpridas, Souto alerta que o problema é muito grave, pois, no Nordeste, os reservatórios devem chegar a um nível próximo a 4% no final de novembro, "o que é uma situação crítica".

Dessa forma, se houver necessidade de novas medidas de racionamento, o senador entende que o consumidor residencial não pode ser mais prejudicado e que é a indústria, por meio de negociações em câmaras setoriais, que deve reduzir o consumo. Nesse sentido, as indústrias eletrointensivas, que empregam pouco e consomem muita energia devem, na sua opinião, arcar com uma parcela maior do racionamento.

Privatização

Para o senador, a transição de um modelo estatizado para outro, privatista, deve ser melhor administrada. Da forma como está planejada a privatização, afirma, não foi dada segurança ao investidor. "Para atrair o investimento privado é necessário um aparato legal mais claro, principalmente com relação ao preço e ao mercado de energia no país".

Ele ressalta que o Brasil tem uma condição peculiar, pois produz energia barata em hidrelétricas, enquanto a energia produzida daqui por diante em termelétricas, por exemplo, é mais cara. "Precisamos administrar como esses preços vão coexistir no mercado harmonicamente. A comissão está chegando à conclusão de que a produção de energia mais cara não pode retirar a vantagem do Brasil de produzir energia barata nas hidrelétricas. Senão vamos perder um fator de competitividade, importante para a nossa economia", argumenta o senador.

Souto também diz que vai observar os problemas energéticos regionais, como os do Nordeste. Como a região tem pouca água, ele acredita que é preciso abastecer os nordestinos com outras formas de energia elétrica, para permitir que a água seja usada para abastecimento humano e irrigação.

Lamentando a suspensão dos trabalhos da comissão em julho, Souto espera ouvir no próximo semestre governadores, os presidentes de Furnas, da Eletrobrás e da Eletronorte, além de representantes do setor privado. Ele anuncia que poderá apresentar conclusões parciais mesmo antes de a comissão finalizar seus trabalhos.

26/07/2001

Agência Senado


Artigos Relacionados


Estatais terão orçamento de R$ 107,5 bilhões para investir em 2011

Estatais podem ficar livres para investir em 2002

PARA O RELATOR PAULO SOUTO, HOUVE IRREGULARRIDADE NO TRT DE SÃO PAULO

Paulo Souto anuncia acordo para cacau

PARA PAULO SOUTO, DEPOIMENTOS.CONFIRMAM IRREGULARIDADES

Paulo Souto pede rapidez para contratos do Prodetur II