Para relator, CPI do Cachoeira terminou em uma ‘pizza geral’
Depois de ter o relatório rejeitado por uma diferença de dois votos (18 a 16), o relator da CPI mista do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), lamentou o fato de a comissão ter terminado “em uma pizza geral”, na opinião dele.
Para Odair, o relatório dele foi derrotado por uma “blindagem” feita pelo governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e empreiteira Delta, apontada como braço empresarial de um grande esquema de corrupção, desvio de dinheiro público e jogatina ilegal.
– Queriam que eu retirasse questões elementares de meu texto. Como não aceitei, fomos derrotados. Apesar de todo nosso esforço, pizza geral. Fomos derrotados pela blindagem da Delta e do governador Perillo – disse o deputado.
Críticas
Odair fez duras críticas ao texto paralelo do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF), aprovado pela comissão, que não responsabiliza ninguém e apenas pede o envido de todos os dados obtidos pela CPI ao Ministério Público.
- O relatório aprovado [de Luiz Pitiman] infelizmente é um nada. Leva nada a lugar nenhum, pois o compartilhamento de dados já havia sido decidido no início da reunião por meio de um requerimento aprovado por unanimidade - afirmou.
Opinião semelhante tem o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que também considerou haver uma blindagem arquitetada pelos governadores Marconi Perillo e Sérgio Cabral (PMDB-RJ) com a construtora.
Para Randolfe, a derrota do texto de Odair Cunha foi tramada numa “conspiração da madrugada”, que resultou em conchavos, em mudanças de voto de última hora e na presença de parlamentares que nunca estiveram em nenhuma reunião da CPI.
- Hoje ficará na história como o dia da infâmia. O dia em que o Congresso protagonizou uma das maiores vergonhas de sua existência – afirmou.
Para o deputado Rubens Bueno (PPS-PR), o parlamento não cumpriu seu papel e "fez uma presepada nesta véspera de Natal, com meses de trabalho e dinheiro público jogados fora".
- Está claro que foi uma armação com a bancada da Delta. Diferentemente do Supremo Tribunal Federal, que está cumprindo seu papel, o Congresso não cumpre o seu – opinou, fazendo uma alusão ao julgamento do processo do mensalão, concluído recentemente pela Suprema Corte.
Defesa
Após a reunião desta terça-feira (18), o deputado Luiz Pitiman saiu em defesa de seu relatório paralelo e negou que a comissão tenha terminado em pizza. Ele disse que o Ministério Público e a Polícia Federal, num ambiente isento e sem influências políticas, poderão continuar e aprofundar as investigações com os dados a serem enviados pela CPI.
– Com essa atitude, temos a garantia de que as investigações vão continuar porque o relatório absolvia culpados, como as empresas fantasmas que não tiveram o sigilo quebrado, além de políticos que deveriam ter sido investigados com mais profundidade – argumentou.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) votou contra o documento produzido pelo petista Odiar Cunha e acusou o adversário de ter usado dois pesos e duas medidas para atender a interesses políticos, prejudicando, por exemplo, Marconi Perillo, único governador a ter o nome incluído na lista de possíveis envolvidos com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
– O Ministério Público já tinha adotado os devidos procedimentos investigatórios em relação aos que possuem mandato público, como o governador Marconi Perillo. Estávamos chovendo no molhado. Em relação ao que era realmente essencial, o relatório de Odair Cunha não avançou – concluiu.
O relatório rejeitado de Odair Cunha e o aprovado de Luiz Pitiman está disponíveis na íntegra na página do Senado na internet.
18/12/2012
Agência Senado
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