Relator da CPI do Cachoeira admite que não há consenso para votar relatório final



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O deputado federal Odair Cunha (PT-MG), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga as relações criminosas do bicheiro Carlinhos Cachoeira, admitiu que ainda não há acordo para a votação do texto final com suas conclusões sobre os trabalhos.

Em entrevista nesta terça-feira (11), após a reunião em que a deliberação sobre seu relatório foi adiada mais uma vez, o parlamentar disse que analisará as propostas e sugestões apresentadas para se manifestar em uma semana, quando haverá nova reunião da CPI.

– Temos prazo até 22 de dezembro para votar. Na terça [18], vou apresentar meu parecer sobre as sugestões a mim encaminhadas. Havendo decisão política, o tempo é o menos importante; nós aprovaremos o relatório na hora que houver força política para aprová-lo. A questão é que neste momento as forças ainda não estão constituídas – disse.

Segundo Odair Cunha, desde que "o núcleo" do relatório seja mantido, ajustes podem ser feitos, mas não haverá inclusões ou exclusões relativas ao que ele chamou de “eixo essencial” de seu texto.

Cinco alternativas

A insatisfação com o trabalho da relatoria gerou cinco votos em separado, que foram apresentados nesta terça-feira (11).  A iniciativa partiu do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), dos deputados Rubens Bueno (PPS-PR), Ônix Lorenzoni (DEM-RS) e Luiz Pitiman (PMDB-DF) e também do PSDB.

Os documentos convergem para o aumento de prazo para o funcionamento da CPI e para uma investigação mais completa sobre o envolvimento do empresário Fernando Cavendish e da empreiteira dele, a Delta Construções, em um esquema de desvio de dinheiro público, de fraude a licitações e financiamento de campanhas políticas. De acordo com a Polícia Federal, a Delta, que detém contratos em âmbito federal e também em vários estados e municípios, teria repassado recursos para empresas de fachada ligadas a Cachoeira.

Esquema maior

O voto em separado do PSDB, apresentado pelo senador Alvaro Dias (PR), por exemplo, apontou a existência de 18 empresas tidas como fantasmas, que recolheram mais de R$ 400 milhões da Delta.

– Estamos desperdiçando uma oportunidade preciosa de dar uma resposta à sociedade. Este é um dos maiores esquemas de desvio de dinheiro público da nossa história e transferimos a responsabilidade para o Ministério Público – disse.

Para Randolfe Rodrigues, o bicheiro Carlinhos Cachoeira é apenas parte de uma organização criminosa muito maior, comandada pela Delta.

Após lamentar a suspensão dos trabalhos da comissão por duas vezes durante o período eleitoral e a manutenção do sigilo de empresas que receberam dinheiro da Delta, o parlamentar pediu a responsabilização criminal dos governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PSDB); do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT-DF) e do Tocantins, José Wilson Siqueira Campos (PSDB-TO).

Erros

Boa parte da reunião desta terça-feira foi dedicada à discussão de erros formais contidos no texto de mais de 5 mil páginas, apresentado por Odair Cunha. O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) observou que o pedido de indiciamento do jornalista Policarpo Júnior, da revista Veja, e a menção ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ainda não haviam sido suprimidos do documento, conforme prometido pelo relator.

Odair Cunha tentou tranquilizar os insatisfeitos, informando que foi um erro que seria corrigido.

– Foram erros formais que nada mudam o que já foi decidido por esta relatoria – afirmou.

A próxima reunião da CPI mista está marcada para as 10h15 da próxima terça-feira (18), na sala 2 da ala Nilo Coelho, no Senado Federal.



11/12/2012

Agência Senado


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