Para relatora, houve omissão do BC e Tereza Grossi não convenceu



A deputada Irini Lopes (PT-ES), relatora substituta da CPI do Banestado na reunião desta terça-feira (19), considera que houve omissão do BC no controle das operações financeiras das instituições que operavam com contas CC-5 na região de Foz do Iguaçu (PR), permitindo a lavagem de dinheiro e a evasão de bilhões de dólares do país. Ao final da reunião da CPI na qual foi ouvida a ex-diretora de Fiscalização do Banco Central (BC), Tereza Grossi, Irini declarou que a depoente não a convenceu com as respostas dadas aos seus questionamentos.

- Não estávamos interessados em saber a época em que ocorreram inspeções e onde estava cada um dos servidores do Banco Central, mas queríamos uma noção de conjunto da instituição - disse a relatora.

Com esse raciocínio, o senador Jefferson Péres (PDT-AM) pediu a opinião pessoal da ex-diretora do BC sobre uma possível falha da instituição na concessão e no controle das autorizações especiais a cinco agências bancárias de Foz do Iguaçu que deram margem -à hemorragia de remessas por contas CC-5, configuradas como operações ilícitas e que levaram tempo para serem apuradas no BC-. Para Tereza Grossi, porém, o BC, dentro de suas competências, agiu bem.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) lembrou que a CPI do Sistema Financeiro concluiu que houve responsabilidade de Tereza Grossi no prejuízo causado pelas operações de socorro aos bancos Marka e FonteCindam, o que levou o então procurador-geral da República Geraldo Brindeiro a oferecer denúncia, aceita pela Justiça, contra a ex-diretora.

- O que encontramos (o esquema de desvio de recursos) continuou, piorou, foi levado adiante. Parece que o Banco Central é a Torre de Babel. Cada um fala a sua língua. Todos se defenderam como se os setores não se comunicassem. Ninguém se preocupa com a organização - afirmou Simon, que recomendou a Grossi a leitura do relatório do Tribunal de Contas da União sobre as autorizações especiais para operação de contas CC-5.

Para o senador, o BC demonstra desprezo e deboche pelas outras instituições, o que pode ser atestado pela demora no atendimento às solicitações de informações. As declarações de diretores do BC e da Receita Federal, que não assumem a competência sobre a fiscalização dos carros-fortes que cruzavam a fronteira com o Paraguai, segundo Simon, viraram motivo de -piada nacional-.

A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) quis saber de Tereza Grossi qual foi a sua participação na elaboração de correspondência enviada pelo ex-diretor de Fiscalização do BC Carlos Mauch à direção do Banestado acerca das irregularidades na agência do banco em Nova York, em que o esquema envolvendo contas CC-5 já fora detalhado. A ex-diretora disse que não se lembra dos termos da carta, nem se Mauch usou na carta informações colhidas por ela em uma das inspeções realizadas pelo BC em Nova York.

Ideli explicitou que, mesmo depois de a CPI dos Precatórios haver detectado irregularidades com o Araucária, o banco, diferentemente dos outros que foram multados ou liquidados, recebeu -como prêmio- a autorização especial para receber depósitos até R$ 100 mil em contas CC-5.

- O Araucária sequer tinha agência em Foz, abriu a agência e recebeu autorização especial - afirmou Simon.

O senador Heráclito Fortes (PFL-PI) lastimou que, apesar de a CPI estar funcionando há cerca de 60 dias, ainda há quem pense que o BC pode investigar um agência bancária nos Estados Unidos.

- Só as autoridades dos Estados Unidos investigam bancos no país - disse Heráclito, elogiando Tereza Grossi por esclarecer esse ponto e não deixar perguntas sem respostas.



19/08/2003

Agência Senado


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