Para senadores, superação da crise exige juros menores



A crise internacional e seus efeitos sobre a economia brasileira foram temas abordados por senadores em debate com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, nesta quarta-feira (25). Um dos autores do requerimento para o debate, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), afirmou que os juros no país precisam cair ainda mais firmemente, pois a economia norte-americana demora a reagir, o que poderá prolongar o quadro de retração em que se encontra todo o mundo.

- Devemos estar preparados para resistir por maior tempo - justificou.

O senador Jefferson Praia (PDT-AM), também assinante do requerimento, reforçou a cobrança pela queda dos juros e, particularmente, a redução da diferença entre as taxas que os bancos cobram para captar recursos dos investidores e as que exigem dos tomadores de crédito. Para o senador, nesse aspecto, os bancos oficiais devem dar exemplo, com posição "mais proativa" na redução das taxas.

Em resposta ao senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), Meirelles informou que medidas protecionistas adotadas pelos países mais afetados pela crise serão discutidas na próxima reunião do G-20 (formado pelos países mais desenvolvidos e os chamados emergentes, entre os quais o Brasil), em Londres, no início de abril. Ele disse ainda que não há expectativa de construção de regras comuns para controle do sistema financeiro mundial. No entanto, destacou a importância de recomendações feitas pelo Fundo de Estabilidade Financeira e pelo Comitê da Basiléia, como forma de prevenir novos problemas no futuro.

Investimentos estrangeiros

O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), outro subscritor do requerimento para a audiência, manifestou preocupação com a possibilidade de fuga de investimentos estrangeiros no país, diante da queda de rentabilidade das aplicações, devido à tendência declinante dos juros básicos - a taxa Selic, reduzida em 1,5 ponto na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), para 11,25% ao ano. Meirelles, no entanto, tranquilizou quanto a isso, ao dizer que o Brasil permanece atrativo para os investidores. Em suas decisões, disse, os investidores levam mais em conta a confiança na gestão fiscal e na condução da política monetária.

Tasso Jereissati (PSDB-CE) pediu a Meirelles esclarecimentos sobre como o BC transferiu R$ 180 bilhões, esse ano, ao Tesouro Nacional, para analisar a hipótese de esse recurso ter sido aportado pelo governo ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os recursos resultaram, sobretudo, de ganhos decorrentes da valorização das reservas em moeda estrangeira depois da crise. O presidente do BC explicou que, ao entrar na conta do Tesouro na instituição, os recursos geraram, como efeito contábil, uma queda na dívida pública. Mas nada impediria o governo a realizar despesas com a receita, disse. Ele observou, No entanto, que "isso não tem nada a ver com o BC".

Para Jereissati, a transferência dos ganhos cambiais do BC pode ter sido o meio utilizado pelo governo para capitalizar o BNDES, para que essa instituição prestasse socorro a grandes empresas brasileiras afetadas pela crise, algumas por dificuldades em renovar linhas de crédito no exterior. Outras, no entanto, como disse, por terem especulado no país contra o real, mediante aplicações no mercado de derivativos.

Gorette Brandão e Iara Altafin / Repórteres da Agência Senado



25/03/2009

Agência Senado


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