PARA SUASSUNA, A CRISE É DE GERENCIAMENTO



"A crise na verdade é gerencial". A afirmação foi feita pelo senador Ney Suassuna (PMDB-PB) ao sustentar, nesta quarta-feira (dia 4), que o Brasil não pode empenhar-se tanto para conseguir R$28 bilhões de receita extra com o plano de ajuste fiscal se deixa de cobrar R$310 bilhões de créditos que tem a receber. Referia-se às dívidas de quem está em débito com o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, INSS, Ministério da Fazenda e Banco Central.Observando que, em situação parecida, os Estados Unidos tiveram êxito fazendo uma comissão de renegociação para reaver créditos, o parlamentar sugeriu que o Brasil faça o mesmo, a fim de conseguir o pagamento de pelo menos R$40 bilhões. Em sua opinião, pode estar no mal gerenciamento dessa crise a explicação para os investidores continuarem retirando recursos do país. "Será que o capital estrangeiro não está indo embora por falta de confiança?", indagou ele. Referindo-se a reunião realizada terça-feira à noite pelo PMDB, o senador reproduziu comentários do governador eleito Itamar Franco sobre a situação econômica. O ex-presidente teria dito que, no começo do atual governo, o PIB brasileiro crescia 6% ao ano. E agora, o crescimento previsto para 1998 é de, no máximo, 1%. Itamar Franco teria também comentado que "alguma coisa não andou bem" no atual governo.Na análise de Suassuna, essa crise gerencial reflete-se também na pouca atenção dada pelo governo federal ao Nordeste. Em sua opinião, o Brasil tem condições de enfrentar suas dificuldades econômicas, mas é preciso socorrer com urgência os estados nordestinos sacrificados pela seca. Conforme explicou, em seu estado, nem os carros-pipas estão recebendo o pagamento em dia, enfrentando atrasos de até três meses. Ele informou que a Paraíba gastou R$534 milhões pagando sua dívida, mas isso é secundário diante da crise nacional, visto que "quando o aperto chega é para todos".Suassuna afirmou que o Nordeste tem enfrentado não só a crise internacional e nacional, mas também a severa crise traduzida pela seca. Informou que há dezenas de milhares de pessoas sem água, e que as chuvas só devem começar em março. Apesar disso, o pagamento das frentes de emergência está previsto para encerrar-se em dezembro, lastimou ele.

04/11/1998

Agência Senado


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