Parlamentares pedem incentivos à agricultura de baixo carbono




Deputado Sarney Filho(2º à esquerda), relator, e senadora Vanessa Grazziotin, presidente da CMMC

Ao debater o Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), sob a responsabilidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, integrantes da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas (CMMC) concluíram, nesta terça-feira (18), ser necessária maior redução da taxa de juros e da burocracia em torno da política de crédito e investimentos em insumos e assistência técnica rural.

De acordo com o representante do ministério, José Guilherme Leal, o ABC disponibiliza aos agricultores dedicados a práticas de produção redutoras da emissão de gases do efeito estufa linha de crédito com juros de 5% ano ano; prazo de 15 anos para saldar a dívida e limite máximo de empréstimo no valor de R$ 1 milhão. O desafio do programa é, segundo observou, conciliar produção sustentável com preservação ambiental.

Críticas ao esquema de crédito do ABC foram levantadas pelo assessor da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) João Carlos De Carli. Conforme afirmou, a taxa de juros oferecida estaria acima da praticada por muitos bancos e pelos próprios fundos constitucionais.

- O sistema não incentiva a migrar para a agricultura de baixo carbono. O agricultor prefere bancos onde taxas de juros e exigências são menores - afirmou De Carli.

Inovações

Além de linha de crédito acessível e a baixo custo, o emprego de inovações tecnológicas foi apontado como fundamental dentro do programa ABC. É isso que irá permitir a substituição de formas tradicionais de cultivo -muitas passadas de pai para filho - que não só minam a produtividade, como também concorrem para maior emissão de gás carbônico no meio ambiente, segundo os participantes do debate.

Mas, para disseminar estas alternativas agrícolas, é necessário treinar melhor os técnicos que atuam na assistência técnica e extensão rural (Ater). Essa demanda foi apresentada por De Carli e endossada pelo representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Marco Pavarino.

- É importante ter agentes de Ater que dominem mecanismos diferentes dos estabelecidos para a sustentabilidade na agricultura - comentou Pavarino.

Fundo perdido

Não bastasse a falta de incentivo governamental à adesão a práticas agrícolas sustentáveis, o deputado federal Sarney Filho (PV-MA) - relator da comissão - disse ter ficado claro ainda no debate a falta de engajamento do produtor ao controle do aquecimento global.

Apesar de afirmar que o Brasil tem feito muito comparativamente a outros países no controle do aquecimento global, o deputado federal Alfredo Sirkis (PV-RJ) defendeu menos burocracia, juros menores e melhor assistência técnica a agricultores que aderirem ao ABC.

Após considerar que assistência técnica é fundamental ao sucesso do programa agrícola de baixo carbono, a presidente da comissão, senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) sugeriu que alguns programas governamentais ao pequeno produtor ofereçam financiamento a fundo perdido.

 

 

 

João Carlos De Carli
Assessor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil -


18/06/2013

Agência Senado


Artigos Relacionados


Capacitação é prioridade no plano de agricultura de baixo carbono

Fórum sobre agricultura de baixo carbono acontece no Rio Grande do Sul

Seminários estaduais divulgam Programa Agricultura de Baixo Carbono

Ministério da Agricultura apresenta plano de emissão de baixo carbono no FST

Embrapa DF sedia seminário de difusão de agricultura de baixo carbono

Comissão de Mudanças Climáticas debaterá agricultura de baixo carbono