Parlamentares querem mais recursos para Exército na Amazônia



O Comando Militar da Amazônia (CMA), com 25 mil homens, 124 unidades e forças terrestres em 62 localidades, é responsável por uma região de números fantásticos: 5,2 milhões de quilômetros quadrados, 11 mil quilômetros de fronteira com 7 países, 1/3 das florestas tropicais da Terra, 150 rios penetrantes, 1/5 da água doce do mundo, 20 mil quilômetros de cursos de rios navegáveis, 200 espécies de árvores diferentes por hectare, 1.400 espécies de peixe, 1.300 espécies de pássaros, 300 espécies de mamíferos, uma população de apenas 13 milhões de pessoas para uma densidade demográfica de apenas 3,2 hab/km². Apesar de todo esse complexo "mundo" para cuidar, o CMA teve no ano de 2005 apenas R$ 6 milhões para fazer novos investimentos em suas atividades.

Essa foi a realidade verificada por um grupo de parlamentares - o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e mais dez deputados federais - que visitou algumas unidades do CMA no último final de semana, tendo como objetivo principal acompanhar o trabalho desenvolvido pelo Exército, principalmente nas áreas de fronteira. Além de Manaus, onde fica a sede do CMA e também unidades como o Centro de Instrução e Guerra na Selva (o CIGS) - referencial para o mundo e que já treinou, além de brasileiros, centenas de soldados de outros países -, a comitiva também visitou instalações e postos ao longo das bacias do Rio Negro e do Rio Solimões, dentro do território do estado do Amazonas.

O CMA remonta ao ano de 1956, quando foi criado o Grupamento de Elementos de Fronteira, em Belém. No início da década de 80, havia na Amazônia aproximadamente quatro mil soldados, mas esse número já se aproxima de 25 mil e tende a aumentar à medida que as Forças Armadas se instalam com mais amplitude nas linhas de fronteira e que o desenvolvimento se espalha mais pela região.

O general Raimundo Nonato de Cerqueira Filho, comandante do CMA, é explícito quando admite que 25 mil homens é um número insuficiente para dar conta das demandas estratégicas na Amazônia.

- Há um vazio de poder na região. Sou responsável militar por quase a metade do Brasil e é impossível com um efetivo tão pequeno dar conta de tudo - avalia o general Cerqueira.

Ao fazer o mesmo raciocínio de Cerqueira, o chefe do Estado Maior do CMA, general Oswaldo de Jesus Ferreira, em palestra rápida aos parlamentares, argumentou que a Amazônia cresceu em complexidade, deixando de ser um "quintal" para se transformar também em "espaço de trânsito". Daí a necessidade, em sua opinião, de reforçar a presença do Estado brasileiro na região.

Mesmo reconhecendo que os vizinhos brasileiros são amigos, Ferreira explica que a estratégia das Forças Armadas para a região é de resistência.

- O Exército brasileiro precisa ser do tamanho que pensamos que somos -, define Ferreira.

O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) garante que a visita da delegação de parlamentares à Amazônia foi importante para evidenciar com clareza quais os recursos que precisam ser alocados para a atuação das Forças Armadas na Amazônia, como decisão estratégica. Na sua avaliação, projetos como o Calha Norte, que vem impulsionando, sobretudo, a consolidação dos pelotões de fronteira, precisam ser fortalecidos.

- Os recursos hoje destinados ao complexo do CMA são nada -, sentenciou também o líder do Partido Socialista Brasileiro (PSB) na Câmara dos Deputados, Alexandre Cardoso (RJ).

Além de Azeredo e Cardoso, a delegação de parlamentares foi integrada ainda pelos deputados Reginaldo Germano (BA), Devanir Ribeiro, Professor Luizinho e Gilberto Nascimento (os três de São Paulo), Luis Couto (PB), Gustavo Fruet (PR), Bosco Costa (SE), Carlos Abicalil (MT) e Pastor Reinaldo (RS)

02/06/2006

Agência Senado


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