Patrocínio chama a atenção para acidentes de trabalho



O senador Carlos Patrocínio (PFL-TO) chamou a atenção para relatório divulgado pelo 15º Congresso Mundial sobre segurança e Saúde no Trabalho, realizado no ano passado, em São Paulo, que evidencia o quanto a segurança nos ambientes de trabalho ainda é precária. - Segundo o documento, morrem a cada ano, em todo o mundo, nada menos de um milhão e 100 mil pessoas vítimas de acidentes desse tipo. O quantitativo é superior à média anual de mortes no trânsito - cerca de um milhão; em guerras - pouco mais de 500 mil; provocadas pela criminalidade violenta - 560 mil; e pela Aids - 312 mil - revelou.

Conforme o senador, uma simples operação aritmética permite concluir que, a cada dia, mais de três mil trabalhadores perdem a vida por conta de sinistros relacionados às suas atividades remuneratórias. Ou seja, dois óbitos no fugaz transcurso de um minuto. - Como se pode ver, trata-se de uma tragédia de grandes proporções em nível mundial - afirmou.

Patrocínio ainda assinalou que, como qualquer outra mazela social, a incidência de acidentes de trabalho não é eqüanimemente distribuída entre as nações, pois os índices de acidentes e de óbitos variam de acordo com o estágio de desenvolvimento da cada país. Segundo ele, a situação do Brasil melhorou um pouco de um ano para o outro, quando o país saiu da 14ª posição, no ranking mundial de acidentes do trabalho da Organização Internacional do Trabalho (OIT), para a 15ª, próximo a Indonésia, Burundi, Turquia, Zimbabwe, Índia e África do Sul.

O senador disse que os números são alarmantes, mas o próprio governo reconhece que a realidade é pior, pois existe uma enorme subnotificação de acidentes. Segundo Patrocínio, estudos da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), órgão ligado ao Ministério do Trabalho, indicam que os números oficiais não alcançam 25% do número real de ocorrências. Patrocínio aponta como um dos principais motivos para a subnotificação, a vastidão da economia informal.

Como início de solução, o senador citou o anúncio pelo ministro da Saúde, José Serra, da criação de um certificado de empresa saudável, que atestará a preocupação com o homem, com o trabalhador e com o meio ambiente, a partir do final deste ano. Ele acredita que a criação desse certificado representa o acompanhamento de uma tendência mundial.

- Da mesma maneira que sofrem restrições à exportação aquelas empresas que provocam danos ao meio ambiente, também começam a sofrê-las as empresas que descuidam da segurança e da saúde dos trabalhadores - disse o senador.

29/03/2001

Agência Senado


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