Cristovam chama a atenção para "cegueira educacional"



O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) fez nesta quarta-feira (30) uma crítica aos que não enxergam as verdadeiras razões da má qualidade do ensino universitário. Segundo o parlamentar, o maior problema do ensino superior é o quadro de deficiências do ensino fundamental.

Referindo-se ao coordenador do curso de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Antônio Dantas, que atribuiu o baixo rendimento dos alunos da faculdade no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) ao baixo quociente de inteligência (QI) dos baianos, Cristovam disse que a declaração do professor é menos nociva pelo racismo que embute e mais pela incapacidade analítica que reflete.

- O racismo dele é uma debilidade mental, mas a cegueira quanto ao quadro educacional me preocupa mais, porque impede de ver a real dimensão do problema - ponderou o parlamentar.

O senador pelo DF chamou a atenção para o fato de que muitas crianças sequer chegam às universidades e faculdades, já que interrompem os estudos, com que desperdiça-se um importante capital humano. Muitas outras vencem enormes barreiras até o ensino superior, mas chegam com uma base intelectual muito pobre, daí decorrendo as notas baixas observadas nos testes de avaliação como o Enade.

- O maior problema da Bahia não é o QI dos alunos, que não está em questão, mas o analfabetismo entre os adultos, que ocorre por falta de condições para que a população cumpra com todas as etapas da vida escolar - disse Cristovam.

O senador fez uma comparação entre a educação e o futebol no Brasil, mostrando que os brasileiros são habilidosos com a bola, porque desde cedo praticam o esporte, o que não ocorre com o ensino.

- A bola é redonda para pobres e para ricos, mas no caso da educação nossas crianças pobres não podem brincar como as ricas - ironizou.

30/04/2008

Agência Senado


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