PATROCÍNIO PEDE APOIO DO SENADO PARA INDEPENDÊNCIA DO TIMOR LESTE



O senador Carlos Patrocínio (PFL-TO) fez apelo nesta sexta-feira (12) para que o Senado brasileiro se engaje no movimento pela independência do Timor Leste, ilha ocupada militarmente pela Indonésia em 7 de dezembro de 1975 e que desde 1976 está formalmente anexada ao território daquele país, apesar dos protestos internacionais e da oposição formal da Organização das Nações Unidas (ONU). O Timor Leste foi descoberto por Portugal em 1586. E viveu como colônia portuguesa até 1975.De acordo com o parlamentar, "a expressão internacional do Brasil e sua posição junto aos países lusófonos não permite ao país ignorar a crise que atinge parte da comunidade de países de língua portuguesa". O senador entende que "o Senado brasileiro não pode silenciar em relação à recente luta do Timor Leste para se tornar independente da Indonésia". Ao longo desse período de ocupação, segundo estimativas citadas por Patrocínio, entre 150 mil e 250 mil timorenses foram mortos pela repressão do exército indonésio ao movimento de resistência.Em 1983, a ONU reconheceu formalmente o direito dos timorenses à autodeterminação e passou a defender a realização de um referendo para que a população pudesse decidir seu destino, observou o senador, que destacou a importância da concessão, em 1996, do Prêmio Nobel da Paz a dois defensores da autodeterminação do Timor Leste - o bispo Carlos Ximenes Belo e o jornalista José Ramos Horta - para "quebrar a omissão mundial" diante desse quadro.Patrocínio destacou que a queda do ex-ditador Suharto, em maio de 1998, e o naufrágio da economia indonésia diante da crise na Ásia abriram caminho para que o país passasse a admitir a possibilidade de conceder autonomia política ao Timor Leste, mantendo sob seu controle a segurança, a moeda e as relações exteriores. Os movimentos de libertação, no entanto, querem a independência, acrescentou o parlamentar.- Depois de 23 anos de opressão brutal, a Indonésia finalmente resolveu dialogar. As reuniões tripartites, envolvendo representantes da Indonésia, de Portugal e da ONU, buscam preparar um projeto para a autonomia política da ilha. O maior ponto de discórdia, informou Patrocínio, é em relação ao futuro dessa autonomia. Para a ONU e Portugal, ela teria de ser transitória e depois de alguns anos os timorenses teriam direito a optar, em um referendo, pela independência completa ou pela integração à Indonésia. Mas para a Indonésia, a autonomia teria de ser a "solução final", completou o senador.Depois de concluir que "a situação é delicada e complexa", o parlamentar pediu ao Senado, em função dos laços lingüísticos que unem brasileiros e timorenses, para "acompanhar de perto o assunto, na expectativa de que os desdobramentos da questão da autonomia do Timor Leste possam avançar no caminho de uma solução justa, global e internacionalmente aceitável".O senador Pedro Simon (PMDB-RS), em aparte, apoiou o pronunciamento do colega do Tocantins

12/03/1999

Agência Senado


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