Paulo Davim: governo brasileiro resgatou apenas 12,6% dos escravos no país, entre 2002 e 2007




Os 9.772 trabalhadores resgatados pelo governo brasileiro entre 2002 e 2007 representam apenas 12,6% daqueles que exercem suas atividades em condições análogas às de um escravo. Essa informação foi levada ao Plenário nesta quinta-feira (27) pelo senador Paulo Davim (PV-RN), citando pesquisa da Organização Internacional do Trabalho (OIT) publicada há alguns dias sobre o assunto.

A pesquisa informa que 67% das famílias de trabalhadores escravizados tinham crianças. A média, informou Paulo Davim, é de 2,4 crianças por família.

Dos trabalhadores libertados, 92,6% informaram terem começado a trabalhar antes dos 16 anos de idade. Em média, esse início se deu com a idade de 11 anos. Já tinham sido escravizados antes 60% dos trabalhadores resgatados. A baixa escolaridade é regra: 85% deles tinham menos do que quatro anos de estudo, muitos deles analfabetos.

A maioria dos escravos é proveniente do Maranhão, do Piauí e da Paraíba. As fazendas de cana de açúcar e arroz do Mato Grosso, de café, algodão e soja, na Bahia, de tomate e cana de açúcar no Tocantins e no Maranhão foram os principais destinos dos escravos libertados.

A OIT aponta como condições análogas às do trabalho escravo, além das condições precárias, a falta de alojamento, de água potável e de sanitários; o cerceamento à liberdade pela presença de homens armados; dificuldade de acesso às fazendas; e dívidas forçosamente contraídas pelos trabalhadores, para pagar alimentação e despesas com ferramentas usadas no seu serviço.

- O trabalho escravo hoje é pior do que o trabalho escravo no século 18, quando o escravo se revoltava contra o seu patrão. Hoje, muitas vezes, o explorado é obrigado a beijar o rebém que lhe açoita, porque precisa dessa condição subumana para defender sua família - afirmou Paulo Davim.



27/10/2011

Agência Senado


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