PAULO SOUTO DIZ QUE NADA JUSTIFICA RIQUEZA DO JUIZ



"Eu não vi nada que indicasse a possibilidade de que uma eventual herança pudesse justificar os fatos que foram trazidos à luz da CPI", declarou o relator da CPI do Judiciário, senador Paulo Souto (PFL-BA), referindo-se ao depoimento do juiz Nicolau dos Santos Neto. O relator anunciou que enviará imediatamente ao Ministério Público de São Paulo documentos irrefutáveis, que demonstram inclusive que o juiz tem conta bancária nas Ilhas Cayman. No entendimento do relator, esses documentos permitirão ao Ministério Público acelerar as ações que já vêm sendo providenciadas contra o juiz. "A CPI não vai esperar a conclusão do relatório para tomar as primeiras providências, vamos tomá-las imediatamente, já esta semana", informou o senador. Ele se disse convencido da possibilidade de o juiz ter patrimônio no exterior e revelou uma das evidências disso: a CPI tem prova documental de qual foi a empresa que atuou como corretora para o juiz na compra do apartamento 3201 do Bridgeton Tower, em Miami. Segundo Paulo Souto, esse documento é prova irrefutável da ligação do proprietário do imóvel com a construtora de Fábio Monteiro de Barros, responsável pela construção do prédio do TRT de São Paulo. "Isso eu considero do maior significado e acho que é um avanço. Além do mais, há um documento original, assinado pelo advogado Luiz Quintana, que o assessorou nos seus supostos negócios e que endereçou a ele carta falando justamente nas preliminares da compra do apartamento".Conforme o relator, esses e outros documentos provam que o juiz adquiriu bens no exterior. Paulo Souto considera importante a contratação de uma empresa para rastrear esses bens e até para agir judicialmente, buscando uma indenização pelos supostos danos causados ao patrimônio público. Conforme informou, isso deve ser feito mediante a contratação do escritório de advocacia que assessorou o governo brasileiro na repatriação de recursos desviados do INSS.Ao final do depoimento de Nicolau, o vice-presidente da CPI, senador Carlos Wilson (PSDB-PE), destacou o fato de a conta bancária atribuída ao juiz nas Ilhas Cayman ter sido movimentada por quatro anos, entre 1994 e 1998, e, no momento em que o Ministério Público começou a atuar no caso do TRT paulista, ter desaparecido. Segundo Wilson, as somas dos depósitos nas contas atingem US$ 30 milhões. Ele disse que a CPI está empenhada em saber de onde saiu e para onde foi esse dinheiro.

04/05/1999

Agência Senado


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