EX-GENRO DE NICOLAU DOS SANTOS NETO DETALHA NA CPI A RIQUEZA DO JUIZ



O vice-presidente da CPI do Judiciário, senador Carlos Wilson (PSDB-PE), indagou, durante a reunião desta segunda-feira (dia 26), a Marco Aurélio Gil de Oliveira se seria Hillside Trading o nome da empresa nas Bahamas do ex-presidente do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, Nicolau dos Santos Neto. O ex-genro de Nicolau afirmou desconhecer o nome, mas disse que, com certeza, o apartamento em Miami, nos Estados Unidos, que avaliou em US$ 1 milhão, estaria em nome de uma empresa off shore.O administrador de empresas exibiu à CPI meia centena de fotos mostrando o luxo do apartamento nos Estados Unidos. Segundo ele, o luxo do imóvel lhe permitia supor que seu condomínio não valeria menos de US$ 5 mil por mês.Marco Aurélio narrou outros casos de ostentação, a seu ver, do juiz no exterior. Para ver um show do cantor Luciano Pavarotti, Nicolau teria pago US$ 10 mil pelos ingressos para ele e a mulher. O ex-genro afirmou que, na primeira vez que foi aos Estados Unidos com a família do sogro, o brasileiro Lauro Bezerra - que seria depois intermediário da venda a Nicolau do imóvel em Miami - ciceroneou a família a um custo de US$ 250 por dia.O senador Maguito Vilela (PMDB-GO) quis saber de Marco Aurélio se sua separação da filha do juiz era litigiosa. Ele respondeu que sim, devido à disputa pela casa em que moravam. Segundo ele, contrato que assinara por confiar no juiz deixava a casa como bem único da ex-mulher, porque afirmava que o imóvel fora comprado com recursos exclusivos da esposa.Maguito também perguntou se a família do juiz, ou da esposa deste, teria muitas posses. Marco Aurélio respondeu que tinha total desconhecimento de qualquer riqueza familiar. Afirmou, inclusive, ter estado no pequeno apartamento da mãe do juiz, localizado em um bairro popular de São Paulo.- Se ela é rica, ou ela é muito boa ou ele (o juiz) é muito ruim - ironizou.O senador Jefferson Péres (PDT-AM) indagou, em seguida, se ele tomara conhecimento de alguma herança recebida pela família do juiz. Além da resposta negativa, o ex-genro afirmou que a sogra do juiz morreu há cerca de três anos em um sanatório, cujas despesas Nicolau relutava em pagar. A pergunta foi reforçada pelo senador Geraldo Althoff (PFL-SC), questionando particularmente heranças que poderiam ter sido recebidas pela esposa, mas a resposta também foi negativa. O senador Djalma Bessa (PFL-BA) perguntou se Marco Aurélio tinha conhecimento de que seu ex-sogro tivesse alguma vez ganhado na loteria, no que obteve nova negativa.O presidente da CPI, senador Ramez Tebet (PMDB-MS), perguntou a partir de quando o depoente começou a desconfiar de que o juiz gastava além de suas posses. Segundo ele, a ostentação e os gastos não eram tão grandes na época em que Nicolau ocupava a presidência do TRT de São Paulo.O senador Pedro Simon (PMDB-RS) indagou ao ex-genro porque ele se prestava a este papel, ao denunciar o ex-sogro. Ele afirmou que tinha uma grande amizade com Nicolau, e a mudança de posição do juiz logo após sua separação foi "a maior decepção" de sua vida. Ao lado disso, disse ter resolvido denunciar o juiz quando viu na imprensa indícios de superfaturamento na obra do edifício de juntas de conciliação da Justiça Trabalhista em São Paulo, cuja obra foi iniciada por Nicolau.Marco Aurélio, ainda respondendo a Simon, disse que começou a desconfiar da origem do dinheiro do ex-sogro quando ainda era casado com sua filha. Porém, as suas suspeitas, disse, recaíam sobre o recebimento de dinheiro fruto de ações trabalhistas julgadas e não do superfaturamento nas obras do prédio do TRT-SP.O senador Gerson Camata (PMDB-ES) perguntou a Marco Aurélio se ele tinha conhecimento de envolvimento de seu sogro com a chamada "Operação Bandeirantes" ou com o Doi-Codi de São Paulo. O depoente afirmou que o juiz tem um grande amigo no Exército, com patente de coronel, mas cujo nome não iria revelar, por temer por sua integridade física.Por fim, Marco Aurélio informou que forneceria sigilosamente à CPI o nome de um cambista que teria enviado dinheiro de Nicolau para o exterior. Ele indicou também os nomes do motorista de Nicolau, Antonio Carlos (o sobrenome disse não lembrar), e seu assessor, Prina (cujo primeiro nome não lembrava), como possíveis cúmplices do sogro.

26/04/1999

Agência Senado


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