Pedro Simon: CPI é oportunidade para investigar corruptores
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) defendeu em Plenário a importância da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) a ser instalada na noite desta terça-feira (24) para investigar as relações de agentes públicos e privados com o empresário Carlos Cachoeira, acusado de exploração de jogos ilegais e fraudes em licitações.
Na avaliação do senador, a CPI será a oportunidade de se investigar não apenas os corruptos, mas também os corruptores, empresários que oferecem dinheiro a agentes públicos em troca de benefícios para suas empresas. Simon afirmou que há 20 anos tenta, sem sucesso, emplacar uma comissão parlamentar de inquérito no Congresso Nacional para que os corruptores também possam ser investigados.
Segundo o senador, várias CPIs foram criadas, muitos parlamentares e até um presidente da República foram cassados, mas nunca se conseguiu investigar os empresários corruptores. Desta vez, o Congresso Nacional teria a chance de tirar a prática a limpo, ao investigar a construtora Delta, que Simon classificou como “campeã das obras do PAC”.
– Onde tem corrupto, tem corruptor. Corrupto é grave? Muito grave! Mas mais grave é o corruptor, que vai e oferece dinheiro e compra, para obter as coisas. Nunca conseguimos, mas desta vez já tem um empresário corrupto, praticamente claro, esse ilustre cidadão dessa empreiteira Delta, campeã das obras do PAC, que declara, com a maior tranquilidade, que senador, com R$ 20 milhões ou R$ 50 milhões, compra o que quer para fazer o que quer. Está provado. Para esse não precisa nem criar a CPI dos empreiteiros ou a CPI dos corruptores, pois ele já está enquadrado – afirmou.
Admitindo que a CPI será um “grande trabalho”, Simon avisou que participará da comissão, ainda que não seja indicado pelo seu partido, o PMDB, para integrá-la. E prometeu estar presente nas reuniões e fazer perguntas que, se não puderem ser apresentadas verbalmente, serão encaminhadas por escrito aos interessados.
O senador deu um conselho aos partidos políticos: que não tentem blindar os governadores supostamente envolvidos nas denúncias. Para ele, na CPI, a estratégia pode ser inútil, pois os fatos efetivamente aparecerão.
Outro ponto criticado por Pedro Simon são as especulações de que a CPI estaria sendo criada para desmoralizar o processo do Mensalão, previsto para ser julgado nos próximos meses pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O senador lembrou que Carlos Cachoeira, pivô do atual escândalo que provocou a criação da CPI, também esteve envolvido nas primeiras denúncias de corrupção no governo Lula, em 2004.
– Desta vez, graças a Deus, vamos viver o momento de uma grande CPI. A sociedade vai acompanhar a TV Senado e a TV Câmara; o Brasil vai olhar por um fator novo, que não tínhamos até agora, as redes sociais, que vão acompanhar e vão cobrar. E nós vamos encontrar a verdade.
Escutas ilegais
Pedro Simon também criticou o pedido da defesa do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) para que a Justiça exclua do processo as gravações de conversas telefônicas com o empresário Carlos Cachoeira. O argumento é de que Demóstenes, por ter foro privilegiado, só poderia ter sido alvo de escutas com autorização do STF.
– A polícia (federal) nunca investigou o senhor Demóstenes, a polícia investigou o senhor Cachoeira. Agora, o que queria o advogado do senhor Demóstenes? Como na gravação do telefone do senhor Cachoeira aparecia o número do senhor Demóstenes, ele queria que suspendessem a gravação. Isso é piada. Não tem gravação feita do telefone do senhor Demóstenes. Tem gravação feita do telefone do senhor Cachoeira, com autorização policial, judicial – reprovou o senador, que aconselhou Demóstenes a revelar o que sabe sobre os empresários e suas relações com o governo.
24/04/2012
Agência Senado
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