Pedro Simon pede a Palocci que se afaste da Casa Civil




O senador Pedro Simon (PMDB-RS) sugeriu, em discurso nesta quinta-feira (2), que o ministro chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, se afaste do cargo para permitir uma investigação sobre o aumento de seu patrimônio em 20 vezes, entre 2006 e 2010, período em que foi deputado federal.

O senador propôs também que a Câmara dos Deputados, que convocou o ministro para uma audiência na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, aguarde a decisão do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, sobre pedido de investigação feito por partidos de oposição.

Simon lembrou a Palocci que "segmentos do PT" sugerem a sua saída e disse que o ministro deveria deixar o cargo antes que seja criada uma comissão parlamentar de inquérito para investigar sua situação financeira.

- Está ficando feio para o PMDB e para o PT impedir que seja criada a CPI - avisou.

O senador pediu ainda a Palocci que leve em consideração "a situação delicada" da presidente Dilma Rousseff de defendê-lo diante da pressão cada vez maior da imprensa. Simon chegou a afirmar que a vinda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Brasília para aconselhá-la sobre a situação vivida por Palocci foi "um deslize que expôs a presidente Dilma, como se tivesse se criado um vazio político".

Simon fez uma retrospectiva da vida política de Dilma Rousseff, que, no Rio Grande do Sul foi secretária de Minas e Energia em duas gestões e que "por sua experiência", foi chamada por Lula para chefiar o Ministério de Minas e Energia. Depois, relembrou, foi transferida para a Casa Civil, quando Lula fez "um grande governo". Simon recordou que Dilma insistiu na nomeação de pessoas com perfil técnico até sua saída do governo.

O senador mencionou o "erro" cometido pelo ex-presidente Lula quando estourou o escândalo do "mensalão", a partir de vídeo em que o então assessor da Casa Civil Valdomiro Diniz, na gestão de José Dirceu, aparece negociando propina com o empresário de jogos Carlos Cachoeira. Na ocasião, lembrou, o Senado não conseguiu criar uma comissão parlamentar de inquérito para investigá-lo. Foi necessário, acrescentou, recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), que, um ano depois, autorizou a instalação da CPI.

Simon acredita que Palocci não tenha cometido nenhum ilícito, mas acha que ele deve se afastar do cargo para dar satisfações à sociedade.

- Ele não faria o ridículo de registrar um apartamento de seis vírgula tantos milhões no seu nome às vésperas de assumir a chefia da Casa Civil. Ele deixaria esse dinheiro junto com o resto que ele pode ter lá pelo exterior ou coisa que o valha.
Esse ato é de uma ingenuidade, de uma burrice, que nem eu faria.
Esse gesto demonstra que ele não quis esconder e que ele realmente não é um profissional nessa questão, mas ele cometeu um erro - admitiu o senador, ao assinalar que veio a público o aumento patrimonial de 20 vezes em quatro anos.

Ao encerrar seu discurso, Simon elogiou o atual procurador-geral da República e disse ter tido informações de que sua equipe quer a investigação de Palocci e quer também a recondução de Gurgel ao cargo, o que depende de Dilma.



02/06/2011

Agência Senado


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