Peemedebistas resistem entregar governo








Peemedebistas resistem entregar governo
Governador admite que enfrenta barreiras no PSDB e, principalmente, no PMDB

As resistências sofridas pelo governador Jarbas Vasconcelos dentro do seu próprio partido, o PMDB, para que ele permaneça no Estado começam a pesar na decisão sobre a ocupação da vaga de vice na chapa do senador tucano José Serra (SP). As declarações de Jarbas, dizendo que também há obstáculos no PMDB a serem ultrapassados - foram reforçadas por aliados. Alguns peemedebistas estariam temendo apagar a imagem de esquerdista "recuperada" por Jarbas ao longo dos últimos três anos, caso o Governo seja mesmo entregue ao Governo ao PFL - a seu vice, Mendonça Filho, dizem as mesmas fontes, reservadamente.

Com base em conversas mantidas entre aliados do governador neste final de semana e, a partir do tom dado por Jarbas na entrevista publicada hoje pelo DIARIO, pefelistas, tucanos e peemedebistas concluíram que Jarbas iniciou a semana com uma firmeza menor quanto à aceitação do convite de Serra. Compararam à firmeza demonstrada na semana passada, quando ele parecia confiante no entendimento entre os partidos que oferecem sustentação à União por Pernambuco. Além dos encontros informais, quando ficaram mais evidentes as barreiras as quais terá que driblar, Jarbas teria se dado conta das divergências do PMDB nacional e dos riscos impostos por elas.

No cenário local, as afirmações de Jarbas - que apontam resistências no seu próprio partido -, avalia um deputado tucano, isentam, por tabela, o tucano Sérgio Guerra, secretário de Projetos Especiais do Governo. Guerra tem sido "responsabilizado" por alimentar os obstáculos de repassar o Poder Executivo para o PFL. Não por acaso, quando foi indagado sobre qual seria o seu maior complicador local nesse momento, Jarbas respondeu: "Claro que é o poder", numa alusão às resistências internas.

As críticas para que Jarbas não entregue o comando do Estado a Mendonça Filho, por enquanto, permanecem nos bastidores da aliança, reveladas entre amigos, conselheiros políticos ou ainda integrantes da ala mais esquerdista do partido, segundo apurou o DIARIO. A verbalização foi mínima. Nasemana passada, o deputado federal Salatiel Carvalho, destoando, disse abertamente ser contrário que o Governo seja repassado ao PFL e avisou que não estaria disposto a fazer campanha para Mendonça Filho. Em 2000, Salatiel se rebelou à escolha de Sérgio Guerra como vice do então candidato da aliança, Roberto Magalhães (na época PFL, hoje PSDB) à Prefeitura do Recife. E acabou tornando-se eleitor de João Paulo (PT).


Piauhylino faz defesa de Guerra
O deputado federal Luiz Piauhylino repudiou, ontem, os ataques ao secretário de Projetos Especiais, Sérgio Guerra, feitos pelo presidente da Assembléia Legislativa, Romário Dias (PFL). O pefelistas disse que Guerra desagrega mais do que une e o culpou pela derrota da aliança no Recife na campanha de 2000, quando ele foi candidato a vice na chapa encabeçada pelo então prefeito Roberto Magalhães, que era do PFL e, agora, é do PSDB. Segundo Piauhylino, o presidente da AL quer promover uma "guerrilha" menor e sem sentido na tentativa de desviar a atenção para as contradições e os problemas reais do PFL.

"O problema é que não dá para o PFL sentar na mesa para impor a cabeça de chapa em Pernambuco quando o partido oficialmente tem uma presidenciável que não saiu do páreo ainda", observou Luiz Piauhylino. Ele ressaltou que esta é uma preliminar que pode mudar tudo. "Se o PFL não estiver na chapa Jarbas/Serra, haverá um impedimento legal para fazermos a coligação aqui embaixo", declarou, referindo-se à verticalização das alianças nacionais imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

"Querem fazer de Sérgio Guerra um bode expiatório, mas o problema real do PFL não é ele (Guerra) e sim a própria situação do partido, que está rompido com o PSDB", destacou Piauhylino. A seu ver, o momento não é de levantar "falsos temas", mas de consolidar o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) como vice na chapa presidencial do senador tucano José Serra (SP). "Este é o nosso primeiro assunto. O segundo é a sucessão em Pernambuco, que só pode ser resolvido quando o PFL resolver suas contradições", enfatizou o parlamentar tucano. Piauhylino salientou não ter nenhum preconceito com o PFL ou o vice-governador Mendonça Filho, porém reiterou: "Ninguém vai aceitar imposição de candidaturas".


"O problema é o PMDB"
Entrevista : Jarbas Vasconcelos

O governador Jarbas Vasconcelos garante que seu futuro político ainda não está definido, embora seu desejo pessoal, no momento, seja disputar a vice-presidência da República, na chapa de José Serra. Ontem, ele recebeu o jornalista João Alberto quando concedeu esta entrevista exclusiva. Falou das razões pelas quais resolveu apoiar a candidatura de José Serra e das dificuldades que está encontrando para definir seu futuro político. Revelou que tem duas grandes dificuldades para aceitar o convite para disputar a vice-presidência, com relação ao PMDB nacional, que poderá implicar num período de quase três meses sem uma definição do apoio ao candidato do PSDB, e à consolidação da aliança política no Estado, que, apesar de ter evoluido muito no final de semana, ainda está muito longe de ser concretizada. Disse estar certo que ganhará a eleição de outubro no País e no Estado, onde a aliança tem várias opções para disputar o Governo do Estado. Garante que, se definir pela reeleição, enfrentará o pleito com o maior entusiasmo e que até já tem projetos para um segundo mandato, quando poderia fazer um governo totalmente diferente, com a obrigação de ser melhor que o atual. Abordou, também, o panorama de um possível governo Mendonça Filho, reafirmando seu excelente relacionamento com o vice-governador e da possibilidade de manutenção de boa parte da sua equipe no novo governo. Confessou, finalmente, que durante sua longa trajetória política, já teve que tomar decisões difíceis, mas nenhuma como esta e que espera estar com tudo definido até o dia 2.

DIARIO DE PERNAMBUCO - O senhor é candidato a vice-presidente?
Jarbas Vasconcelos - Vou responder com uma manchete do DIARIO na semana passada que afirmava eu estar a um passo da vice na chapa de Serra. Exatamente isto. Apenas não sei o tamanho desse salto e se eu poderei dá-lo.

DP - Mas o senhor gostaria de dar esse passo?
Jarbas - Claro. Quem me conhece sabe que jamais eu entraria em qualquer jogo de cena. Há vários meses venho dizendo que poderia não disputar a reeleição e muitos não acreditaram. Não vou ser hipócrita a ponto de afirmar que não admitia a hipótese de ser lembrado a nível nacional, mas, sinceramente, isto não passava pelos meus planos. Agora que recebi o convite quero disputar, com a clara convicção de que poderei fazer muito pelo Brasil, por Pernambuco, pelo Recife.

DP - Em que o senhor pensava?
Jarbas - As duas principais hipóteses eram evidentemente a reeleição ou uma candidatura ao Senado.

DP - Qual a razão do senhor apoiar a candidatura de José Serra?
Jarbas - Poderia dar muitos arguntos, mas definiria numa única frase: ele é disparadamente o melhor dos candidatos, é praparado, tem experiência e história, com todas as condições para ser um excelente presidente.

DP - O que falta para integrar a chapa de Serra?
Jarbas - Solucionar apenas dois problemas. São apenas dois, mas dificílimos. Um local; outro nacional.

DP - Qual o primeiro?
Jarbas - O mais sério e problemático é definir o quadro político pernambucano. Não poderia chegar a Brasília sem mostrar força política no meu Estado, o que poderia até ser um fator negativo da candidatura de José Serra. Estou tentando manter a aliança no Estado, mas é uma das tarefas mais com plexas da minha longa vida política. Porém, sou otimista, pois sempre conseguimos superar todas as dificuldades que a base partidária do meu governo teve.

DP - Existe algum complicador maior?
Jarbas - Claro que é o poder. Não vejo a menor restrição à figura de Mendonça Filho, meu sucessor natural, mas quando entra o quadro partidário surgem as diferenças.Muita gente do meu partido (PMDB) não admite entregar o Governo do Estado para o PFL. No PSDB, a resistência é menor, mas nada desprezível, tendo como principal argumento o rompimento do PFL com o presidente Fernando Henrique. Claro que estou falando na possibilidade de Mendoncinha ser o candidato em outubro, pois com relação ao restante do mandato ninguém duvida da sua governabilidade total.

DP - Ele seria seu candidato?
Jarbas - Não estou trabalhando em cima de nomes. Claro que ele seria uma excelente escolha, mas a aliança tem muitas outras opções, como Raul Henry, Cadoca Pereira, Roberto Magalhães, Joaquim Francisco, Sérgio Guerra e Marco Maciel.

DP - Em termos de votos, Roberto Magalhães e Marco Maciel seriam os melhores nomes?
Jarbas - Acho que sim, mas os dois já me disseram claramente que seus projetos políticos são outros. No entanto, lembro que as águas do rio da política costumam passar muito rápidas. Tudo pode mudar. No entanto, quero destacar que tenho a plena convicção que com qualquer dos nomes nos ganharemos a eleição.

DP - E a chapa Mendonça Filho e Raul Henry, com Marco Maciel e Sérgio Guerra para o Senado?
Jarbas - Muitos consideram a ideal, acho ótima. Mas está muito longe de ser unanimidade dos partidários da aliança.

DP - O senhor já conversou com Marco Maciel sobre o assunto?
Jarbas - O vice-presidente é meu interlocutor permanente, acho que nunca passo uma semana sem falar com ele. Claro que já tratamos do assunto, mas uma conversa mais conclusiva está marcada para esta segunda-feira.

DP - As posições tomadas pelas principais lideranças da aliança no final de semana não garantem a união?
Jarbas - Acho que avançamos muito, mas nada que possa ser considerado definitivo. Não posso trabalhar com uma união fictícia, construída sem base sólida e que possa desmoronar em pouco tempo. Aí se criaria um quadro tão complicado que dificilmente seria possível um consenso. Aposto na minha experiência política para saber se o novo quadro da aliança é pra valer ou apenas um fato de momento.

DP - Comoestão seus auxiliares mais diretos?
Jarbas - Em clima de tensão, claro. Tenho conversado com todos eles, muitos deles companheiros de política há muitos anos. Mantemos uma relação de confiança recíproca. Tenho a absoluta convicção que todos torcem para o que for melhor para mim, para Pernambuco.

DP - Caso seja candidato a vice, levará alguém da sua equipe para a campanha?
Jarbas - Para ser muito sincero, ainda não pensei no assunto, mas é muito provável que isto aconteça.

DP - Quem?
Jarbas - Como disse, sinceramente não pensei nisto ainda.

DP - Como seria a transição para Mendonça Filho?
Jarbas - Sem o menor problema. Duvido que alguém aponte algum problema que tivemos nestes mais de três anos de governo. Divergências aconteceram é claro, mas sempre chegamos a um acordo. Eu simplesmente não poderia ter tido um vice mais leal, competente, amigo. Acho que com isto eu digo tudo.

DP - O senhor pretende interferir num possível governo dele?
Jarbas - De forma alguma. Caso eu vá ser companheiro de chapa de José Serra, ele será o governador com todas as prerrogativas e com todo o direito de imprimir sua marca pessoal à administração do Estado. No entanto, nosso entrosamente sempre foi tão grande que acredito que ele ele vai manter muitos nomes que atuam no nosso governo. Quero deixar claro, também, que serei o maior torcedor da sua atuação como governador e estarfei pronto a ajudá-lo no que for possível. Aliás, não tenho a menor dúvida de que Pernambuco estará em ótimas mãos. Passo o comando para ele com a maior tranquilidade.

DP - E qual o problema nacional?
Jarbas - O PMDB. O meu partido, infelizmente, está muito dividido, não tenho a confiança de muitas das suas lideranças nacionais. Algumas não perdoam o fato de eu ter sido um dos responsáveis pela eleição de Michel Temer e de estar conseguindo, pelo menos até agora, impedir uma candidatura própria à Presidência, que, entendo, seria catastrófica.

DP - Na prática o que isto representa?
Jarbas - Quase tudo. Veja bem, eu teria que deixar o Governo no dia 5 e a convenção nacional do PMDB só acontecerá na segunda quinzena de junho. São quase três meses, um período muito longo. Imagine que o partido venha a ter outra opção, como lançar candidato ou mesmo indicar outro nome. Como eu ficaria? Para usar uma expressão bem nossa, "no mato sem cachorro..." Claro que até poderia voltar a ser candidato a governador, mas acredito que outro nome já tenha sido escolhido. Tenho que avaliar tudo isto.

DP - Mas o senhor não tem o aval de Michel Temer, presidente do PMDB?
Jarbas - Tenho, mas ele não possui o controle total do nosso partido.

DP - Parodiando a música famosa, e agora, Jarbas?
Jarbas - Tenho que definir meu caminho, conversando, ouvindo, tentando acordos. Tinha programado passar a Semana Santa descansando em Lisboa, mas, ao contrário, vou ter, com certeza, a semana de mais trabalho na minha vida.

DP - O senhor tem um prazo para a definição?
Jarbas - Claro que o limite é o dia cinco, faltam apenas 12 dias, um prazo mínimo. Porém eu gostaria de estar com tudo acertado no dia dois de abril. Inclusive para que Mendonça Filho tenha pelo menos alguns dias para formar sua equipe, caso eu vá disputar a vice-presidência.

DP - Como José Serra encara a situação?
Jarbas - Nas várias conversas que tive com o ex-ministro deixei muito claro que somente aceitaria seu convite caso conseguisse superar as duas dificuldades. Ele entendeu muito bem a posição?

DP - Caso o senhor opte pela reeleição, teria entusiasmo para disputar um segundo mandato?
Jarbas - Tenho uma filosofia de vida de jamais fazer algo sem ter vontade. Como já disse, sempre admiti a possibilidade de ficar mais quatro anos no Governo e confesso que na minha cabeça existem muitos planos para o Estado. E adianto que seria um governo totalmente diferente do atual, teria a responsabilidade de fazer ainda melhor. Entraria na campanha com força total. Haveria apenas uma mudança nos meus planos: ao contrário do que aconteceria se eu fosse para Brasília, encontraria uma vaga para passar cinco dias em Lisboa, para descarregar todo este estresse das últimas semanas.

DP - Inaugurar metade da duplicação da BR-232 agora não teria sido um ato político poucos dias antes de uma possível saída do Governo do Estado?
Jarbas - É uma interpretação errônea, a inauguração aconteceu principalmente para melhorar o grande trânsito na Semana Santa. Exigi que tudo estivesse pronto, da sinalização ao canteiro central.

DP - Ser candidato a vice-presidente é um grande desafio?
Jarbas - Imenso, mas minha vida política tem sido marcada por desafios. Já tive derrotas inesperadas e vitórias memoráveis. Se eu quisesse tranqüilidade seria candidato a deputado federal, quando teria eleição garantida.

DP - Como acredita que seus eleitores reagirão?
Jarbas - Vou fazer uma confidência. No final de semana, estive em Fazenda Nova e num casamento no Recife e ouvi vários pedidos para ser candidato à reeleição, sem falar em vários telefonemas. Todas as pesquisas revelam que a maioria quer que fique, mas os pernambucanos vão entender minha opção. Tenho certeza que qualquerque for será boa para o Estado.


Roseana faz desafio ao Governo federal
Governadora pefelista nega ter indicado seus apadrinhados para ocupar cargos no governo

BRASÍLIA - A governadora do Maranhão, Roseana Sarney, pré-candidata do PFL à Presidência da República, desafiou o Governo a demitir na hora em que quiser os dirigentes regionais de estatais que teriam sido indicados por ela. Roseana afirma que, ao contrário do que dizem os tucanos, não apadrinhou a indicação de ninguém. "Podem demiti-los amanhã (hoje), se quiserem", disse Roseana Sarney, por intermédio de sua assessoria.

De acordo com um levantamento feito pelo tesoureiro do PSDB, deputado Sebastião Madeira (MA), a governadora maranhense Roseana Sarney comanda pelo menos cinco postos de poder muito importantes: as regionais maranhenses do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Sebastião Madeira disse que os postos, que seriam comandados por Roseana Sarney, têmimenso apelo eleitoral. Só um convênio firmado entre o Governo federal e o Incra local prevê a construção de 3 mil casas em 26 assentamentos.

O Governo federal entrará com R$ 7,25 milhões e a contrapartida do Estado do Maranhão será de apenas R$ 250 mil, que podem ser pagos em aluguel de carro, combustível e diárias de funcionários. A família Sarney comandava também o cargo de tesoureiro do Ibama federal. Para o posto, tinham nomeado o ex-deputado Nan Souza. Mas, ao deixar o Ministério do Meio Ambiente, o deputado Sarney Filho (PFL-MA) acabou levando o apadrinhado consigo. Nan Souza esteve quarta-feira no Senado para prestiar o dicurso do ex-presidente José Sarney, no qual tentou defender a filha.


Justiça decide amanhã destino das coligações
BRASÍLIA - O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deverá decidir amanhã se irá liberar ou não as coligações nos Estados para os partidos que estiverem fora da eleição presidencial. A tendência é que dê ampla liberdade de articulação. Em seguida, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidirá se suspende ou não a proibição, imposta pelo TSE, de que partidos adversários na disputa presidencial se aliem nas eleições estaduais (para governador, senadores, deputados federais e estaduais).

Advogados da área eleitoral disseram que o resultado do julgamento do STF é incerto, mas afirmaram acreditar que a maioria dos ministros do Supremo esteja inclinada a manter a chamada verticalização das coligações. A decisão não deverá ocorrer antes da segunda quinzena de abril. O principal defensor da vinculação entre coligações estaduais e nacionais é o presidente do TSE, ministro Nelson Jobim, também membro do STF.

A norma foi aprovada pelo TSE por 5 votos contra 2 e faz parte da resolução da Justiça Eleitoral que trata do registro de candidaturas. A decisão teve enorme repercussão no processo eleitoral, porque forçou os partidos a suspender as articulações para reestudar as perspectivas de alianças de acordo com a nova regra.

Na avaliação de um dos advogados ouvidos, Jobim não daria um passo tão ousado se não tivesse segurança de que contaria com pelo menos outros cinco votos no STF para sustentá-la. O tribunal tem 11 membros. A eventual derrubada da norma implicará enorme desgaste político para ele, para o TSE e para o Judiciário.

Jobim foi deputado federal pelo PMDB do Rio Grande do Sul e ministro da Justiça no início do Governo de Fernando Henrique, que o nomeou para o Supremo em 1997. O perfil político e o fato de ser amigo do pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, provocaram especulações sobre a existência de motivação política na aprovação da verticalização e na provável liberação das alianças para os partidos que não tiverem candidato próprio nem se coligarem para a Presidência.

O Supremo irá julgar duasações diretas de inconstitucionalidade contra a verticalização, movidas pelo PFL e por cinco partidos de oposição (PT, PL, PCdoB, PSB e PPS). Elas serão examinadas pelo plenário. O principal argumento dos partidos é que as regras do jogo não poderiam ser mudadas em pleno processo eleitoral.


Dezesseis líderes do MST são presos
Invasão da fazenda do presidente Fernando Henrique Cardoso termina, mas provoca crise no Governo

BURITIS - Durou menos de 24 horas a invasão de cerca de 200 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) à fazenda Córrego da Ponte, da família do presidente Fernando Henrique Cardoso. A ocupação terminou ontem às 7h55, quando quatro ônibus com a maioria dos manifestantes deixaram a fazenda. Do lado de dentro, a Polícia Federal prendeu e ]lgemou dezesseis líderes da ação.

A prisão gerou uma crise dentro do Governo. O Ouvidor Agrário do Incra, Gercino José Alves Filho, e a responsável no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) pelos conflitos rurais, Maria de Oliveira, pediram exoneração dos seus cargos. Os dois afirmam que prometeram ao MST que ninguém seria preso. Oliveira se disse "indignada". "A Ouvidoria Agrária Nacional foi traída", afirmou.

A tática da polícia foi a de evitar o confronto, com promessas de uma reunião dos sem-terra com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, que os receberia em Buritis. Era assegurado a eles que ninguém seria preso. Somente passariam por uma revista. Primeiro, foram retiradas as mulheres e as crianças, sempre em grupo de cinco pessoas. Depois, os mais velhos. Até que só restaram os líderes, que foram antes da prisão chamados a presenciar uma revista que seria feita na sede da fazenda. Alguns até ajudaram na inspeção.

O grupo dos dirigentes do MST ficou sozinho, junto com os policiais federais. Então, imediatamente, receberam ordem de prisão e a determinação para que deitassem no chão. Em seguida, foram algemados com as mãos para trás. Durante toda a madrugada, os sem-terra cantaram na varanda da fazenda e consumiram tudo o que havia no estoque de bebidas alcoólicas: uísque, cachaça, vinho e até vinagre.

Foi uma noite de muitas negociações e muito medo. Desde o anoitecer, aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) passaram a sobrevoar a fazenda ininterruptamente. Os vôos eram rasantes. Também havia dois helicópteros da Polícia Federal. Por volta da meia-noite chegaram os trezentos homens do Exército. Mas só receberam ordem de entrar na fazenda às 5h, quando já havia sido fechado o acordo para que os sem-terra desocupassem a propriedade. Os dezesseis sem-terra presos foram colocados num ônibus especial da Polícia Federal e levados para Brasília, cada um acompanhado de um agente.

A operação montada para desocupar a fazenda foi grandiosa. Além dos trezentos homens do Exército, de cerca de setenta da Polícia Federal, dos aviões e dos helicópteros, havia também mais de vinte caminhões, quatro ambulâncias do Exército e do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal e carros menores.

Os sem-terra que haviam sido colocados nos ônibus durante a madrugada não souberam das prisões dos colegas. Dirigiram-se para Buritis pensando que se encontrariam com o ministro Raul Jungmann. A entrada deles em Buritis só foi liberada depois da chegada da Polícia Rodoviária Federal, que os comunicou que eles seriam conduzidos ao local de destino, sem avisá-los de que seriam levados para os assentamentos e não para a reunião com Raul Jungmann. Oministro, nesta altura, já estava em Brasília.


Colunistas

DIÁRIO POLÍTICO – César Rocha

Prazo curto para todos
Acabou a brincadeira para os líderes da oposição ao governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) no Estado. Não há mais qualquer espaço ao amadorismo que têm demonstrado até agora nas costuras do palanque. Sem um candidato natural e forte, a esquerda precisará de serenidade e, principalmente, matu ridade para definir uma estratégia que potencialize ainda mais a oportunidade que se abre depois que Jarbas decidiu aceitar o convite para ser o vice de José Serra. Era complicadíssimo derrotá-lo. Seria preciso montar várias frentes de combate à candidatura dele - como palanques regionais. A saída do governador da arena estadual praticamente zerou a corrida sucessória. Digamos praticamente porque os partidos da aliança jarbista terão uma vantagem importante em relação aos adversários, em qualquer cenário. A aliança possui a melhor estrutura partidária. Tem maioria na Assembléia Legislativa - são 26 dos 49 deputados, que estarão lutando em todas as regiões do Estado pelo palanque governista. Os aliados são fortes na quase totalidade dos municípios. Além disso, e acima de tudo, detêm o controle da máquina administrativa estadual. E não é qualquer máquina. É esta que passou os últimos três anos montada em quase R$ 2 bilhões da venda da Celpe. Dinheiro que viabilizou um conjunto monumental de obras e ampla aprovação popular da administração. Alguns oposicionistas têm a clara noção do que isso significa. Nenhum deles, no entanto, demonstrou até agora interesse em iniciar os debates sobre a melhor estratégia político-eleitoral. Ninguém demonstra pressa. Isso é grave porque ao longo desta semana haverá definições dramáticas para o pleito. No dia 5 de abril encerra-se o prazo de desincompatibilização (renúncia) para quem ocupa cargo público e disputará mandato eletivo - que não seja a reeleição. Eduardo Campos (PSB), um dos mais lúcidos líderes da oposição, vem defendendo que o debate comece após o prazo. Isso quer dizer que já não conta com a possibilidade de o prefeito do Recife, João Paulo (PT), tornar-se o candidato da esquerda. Talvez não tenha entendido ainda que, sem Jarbas, será preciso um palanque com gente de peso para atacar o novo candidato do Governo com reais chances de vencê-lo. João Paulo é o mais carismático, popular e que tem melhor trânsito na esquerda. Problema é o pouco tempo para discutir o assunto, convencer o prefeito a renunciar em abril e entrar numa aventura arriscada. Se continuar passiva, a oposição acabará reduzindo suas opções.

Se o governador realmente cogitasse a possibilidade de voltar atrás e não mais aceitar a vice de Serra, ele simplesmente não conseguiria fechar um acordo para definição do novo palanque governista.

Jarbas está tão feliz com a decisão de disputar a vice de Serra que assumiu no final de semana seu romance com Debora Daggy, miss Pernambuco-2001. Na Paixão de Cristo da Nova Jerusalém e num casamento sábado, no Recife, apresentava a jovem morena como sua namorada.

Tucanos de bicos longos estão indignados com Romário Dias e partem para o ataque com acusação pesada. Eles dizem que o pefelista queriam fechar um acordo com o PSDB para assumir o governo no lugar de Mendonça Filho, já que é o presidente da Assembléia Legislativa e, por isso, chefe do Executivo na ausência do titular e do vice.

Romário também queria, segundo os tucanos, ser nomeado no final do ano conselheiro do Tribunal de Contas (TCE). Ficaria como governador por nove meses e depois encerraria sua carreira no cargo vitalício. Os tucanos estão irritados porque Romário disse que eles desagregam mais do que ajudam a aliança jarbista.

Ao deixar o Governo antes de concluí-lo, Jarbas transfere para Mendonça Filho a prestação de contas que deveria fazer à população. Isso acontece com freqüência no País. Encerra-se um mandato sem mostrar as promessas cumpridas ou não, sem debate sobre erros e acertos.


Editorial

O PREÇO DA OMISSÃO

É próprio do processo legislativo realizar amplo trabalho de decantação política antes de haver desfecho na feitura das leis. Seria pernicioso aos interesses do povo tomar a pressa como suporte da atividade parlamentar. Mudar regras, direitos, obrigações ou introduzir novas disciplinas legais exigem reflexão demorada. Explica-se, assim, por que as decisões do Congresso costumam consumir tempo considerado excessivo. Nem sempre, contudo, a lentidão filia-se à busca das soluções mais ajustadas aos interesses do povo e da governabilidade.
Agora, o fenômeno sucede porque os parlamentares comparecem apenas às sessões da quarta-feira. No mesmo dia à noite desaparecem de Brasília. Antes, concediam em trabalhar de terça a quinta-feira. Na última quarta-feira, repetiu-se a conduta, causa de crescente repulsa popular. A emenda constitucional que prorroga a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) deixou de ser apreciada na Câmara em segundo turno porque não havia quorum.

A maioria dos deputados viajou de volta aos seus estados sem o menor respeito à obrigação de votar a matéria constante da ordem do dia. Onze deles, aí incluído o líder do PMDB, Geddel Viera de Lima, seguiram para o Marrocos a fim de participar de inexpressivo conclave legislativo. Não havia nenhuma formalidade a ser cumprida no tocante ao trâmite da proposta. O arremate do processo dar-se-ia com a decisão sobre o último de quatro destaques destinados a mudar alguns pontos da emenda.

A omissão parlamentar causa até agora ao País perda de receita da ordem de R$ 2 bilhões. É que 21 novas medidas provisórias congestionarão daqui por diante a ordem do dia da Câmara. Pelas novas regras lançadas na Constituição, a pauta de deliberação ficará obstruída até que se votem as 21 MPs. Então, só no dia 9 de abril poderá a CPMF ser promulgada, assim mesmo se houver decisão rápida sobre a convalidação ou rejeição das mencionadas medidas. Como o tributo, por imperativo constitucional, só poderá ser cobrado três meses depois, a frustração de receitas será no mínimo de R$ 2 bilhões.

Mais grave é que o Governo terá de compensar a perda. A equipe econômica garante que haverá aumento de impostos para suprir o rombo. Mais uma vez, o povo, termo final da cadeia sucessória, será chamado a pagar o prejuízo. O presidente da Câmara, Aécio Neves, promete pôr fim ao descalabro. Já não é sem tempo.

Deputados são pagos pelo contribuinte para cumprir as obrigações inerentes ao mandatos outorgados pelo povo.


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03/25/2002


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