Peluso diz que acesso ao Judiciário ainda é restrito



Durante sabatina realizada nesta quarta-feira (13) na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), o indicado ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Antonio Cezar Peluso afirmou, em resposta a questionamento do senador Pedro Simon (PMDB-RS), que apesar da pesada carga de trabalho dos juízes, apenas 10% a 15% da população brasileira, de acordo com seus cálculos, consegue ter acesso ao Judiciário. Para Peluso, que teve seu nome aprovado na comissão, o quadro é preocupante: a Justiça não daria conta de responder à demanda se todos os que necessitam resolvessem recorrer àquele poder.

Outra preocupação manifestada por Antonio Peluso na sabatina é a de que grande parte da população brasileira sequer consegue compreender como funciona e o que representa o Judiciário. Em sua opinião, é preciso aproximar os anseios das pessoas das realizações da Justiça.

Sobre o mesmo assunto e respondendo a questionamento do senador Almeida Lima (PDT-SE), o desembargador disse que a situação de demora e atraso dos processos é tão grave que vem gerando dificuldades para os advogados - em especial em seu estado de origem, São Paulo -, que não podem responder aos seus clientes nem receber honorários, dado o não julgamento das questões.

Antonio Peluso disse também que não entende como antidemocráticas as alterações que visam maior rigor no regime disciplinar. A afirmação foi feita em resposta ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que indagou sobre a constitucionalidade do projeto em tramitação na Câmara alterando a Lei de Execuções Penais, estabelecendo, por exemplo, que o preso poderá ser isolado pelo prazo de um ano ou até 750 dias. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) explicou que esse tipo de tratamento só é previsto para os presos líderes de organizações criminosas que ofereçam risco para a ordem penitenciária.

Em resposta ao líder do PT, senador Tião Viana (AC), que quis saber a opinião do desembargador sobre clonagem humana, ele considerou que, apesar de não possuir conhecimento específico, acha melhor o respeito à lei do que a transferência às comissões de ética dos hospitais, como ocorre na França.

Já ao senador Demostenes Torres (PFL-GO), Peluso disse que compartilha da opinião do senador quanto à necessidade de fortalecimento dos juízes de 1º instância. Considerou também que o subteto dos salários dos magistrados, condicionando os mesmos aos proventos dos governadores, configura um desestímulo ao recrutamento de bons magistrados.

O senador Magno Malta (PL-ES) elogiou a indicação declarando que realizou uma rápida pesquisa com 30 telefonemas a moradores de Bragança Paulista - cidade natal do sabatinado - para colher referências de Peluso. O resultado foi o melhor possível, declarou.O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) elogiou a indicação de Antonio Peluso feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.



14/05/2003

Agência Senado


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