Peritos da Unicamp farão trabalho de detetive



Os quatro peritos da Universidade de Campinas (Unicamp) que estão analisando o funcionamento do painel eletrônico do Senado vão realizar um trabalho similar ao de detetives que investigam a cena de um crime, com a diferença de que não se sabe com certeza se o crime foi cometido. A analogia foi feita por um dos peritos, Álvaro Crósta, integrante do grupo que iniciou, na manhã desta quinta-feira (dia 8), o trabalho de reprodução dos programas de computadores que alimentam o sistema. O sigilo e a segurança do painel têm sido alvos de dúvidas depois de declarações publicadas pela IstoÉ que teriam sido feitas pelo senador Antonio Carlos Magalhães.

- Por esse motivo, nós vamos agir com o máximo de meticulosidade, pois devemos assegurar, que, caso tenha ocorrido alguma fraude, as pistas, se existirem, não sejam destruídas ou lesionadas pelo nosso trabalho - explicou Crósta, que fez questão de afirmar que não há previsão do prazo necessário para conclusão da análise mas adiantou que ela será feita com a maior brevidade possível.

Álvaro Crósta disse também que o trabalho que farão será similar à tarefa de montar um quebra-cabeças: os peritos juntarão os documentos solicitados às empresas Kopp (que instalou o sistema) e Panavídeo (responsável pela manutenção atualmente) e os exames periciais dos dados dos computadores para obter uma montagem final sobre o sistema. A missão principal da equipe, que também é formada pelos professores Marco Aurélio Henriques, José Raimundo de Oliveira e Mário Jino, é desvendar se o sistema do painel é viciado, permitindo, por exemplo, a associação do nome do senador ao voto colhido.

Laboratório especial

Os peritos esclareceram que, em nenhum momento, os discos rígidos dos sete computadores que contêm as informações necessárias aos estudos serão manipulados ou transportados, mas somente copiados duplamente. Uma série das cópias será analisada em um laboratório em Campinas (SP) isolado e que foi especialmente preparado para esse tipo de apuração e a outra ficará de posse da comissão interna do Senado que também investiga o episódio.

Os professores da Unicamp acreditam que seja possível verificar-se, com esse laboratório, se aconteceram ou não fraudes, mas não descartaram a hipótese de a perícia não descobrir alguma violação, caso a sofisticação do procedimento esteja acima das possibilidades do laboratório. "Se isso ocorrer, será claramente dito no relatório", disse Crósta.

O diretor comercial da empresa Kopp, Tironi Ortiz, acompanhou o trabalho dos peritos e afiançou ser impossível, pelo sistema original que implantaram, a adulteração ou o conhecimento dos votos dos senadores.

08/03/2001

Agência Senado


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