Pesquisa indica aumento no uso de transporte coletivo
Crescimento deve-se à expansão do Metrô, da CPTM e de corredores de ônibus na Grande São Paulo
Moradores da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) utilizam mais o transporte coletivo que o individual, revela pesquisa Origem e Destino, realizada pela Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô no ano passado e anunciada este mês. Pela primeira vez depois de 40 anos de medições, o resultado mostra que os meios de transporte (ônibus, trem e metrô) começam a ser valorizados novamente.
Em 2007, foram 13,8 milhões de viagens diárias por transporte coletivo, o que representa 55%. O modo individual totalizou 11,2 milhões, equivalente a 45%. De 1967 a 2002, a participação do transporte coletivo havia caído de 68% para 47%, enquanto a do individual subia de 32% para 53%.
Vários fatores explicam o fato. Nos últimos 10 anos, o Metrô ampliou a oferta de lugares (viagem realizada multiplicada pela extensão quilométrica) em 45% e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) em 84%, reduzindo o intervalo das composições. Também foram tomadas medidas de política tarifária que permitiram transferência livre entre CPTM e Metrô nas estações Luz, Brás, Barra Funda e Santo Amaro, bem como integração entre sistemas de ônibus locais.
Houve, ainda, crescimento da malha metroferroviária. A Linha 2 (Verde) do Metrô ganhou três quilômetros com as estações Chácara Klabin, Imigrantes e Alto do Ipiranga. Na CPTM, a Linha 9 (Esmeralda) aumentou em 8,5 quilômetros em 2007 com as estações Autódromo, Primavera – Interlagos e Grajaú e a Linha 12 (Safira) ganhou cinco novas estações.
Plano audacioso – Até 2010, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos investirá mais de R$ 19 bilhões no Plano de Expansão, destinados à CPTM, à Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) e ao Metrô. Assim, a rede metroferroviária vai quadruplicar e chegar a 240 quilômetros, com a transformação de 160 quilômetros da CPTM em metrô de superfície, que se caracteriza pela rapidez, qualidade de trens e estações.
A secretaria irá comprar 99 trens. Além disso, a CPTM e o Metrô vão modernizar sistemas de sinalização, para reduzir intervalos e aumentar o número de viagens com maior velocidade. A Linha 1 (Azul) reduzirá em 2010 o intervalo entre composições de 109 segundos para 95 segundos e na Linha 3 (Vermelha), cairá de 101 para 85 segundos. Na CPTM, o intervalo diminuirá, em média, 30%.
O Metrô atua em três frentes simultaneamente. Constrói a Linha 4 (Amarela), Luz – Vila Sônia, e planeja a expansão das linhas 2 (Verde) e 5 (Lilás). A CPTM já inaugurou nove estações. A construção da Linha 14 (Ônix) da CPTM, o Expresso Aeroporto, ligará sem paradas a Estação da Luz ao Aeroporto de Guarulhos. A região vai ganhar também o corredor de ônibus Guarulhos – Tucuruvi, de 35 quilômetros de extensão. Na região de Campinas, a EMTU prevê entregar este ano corredor de ônibus até Santa Bárbara do Oeste.
Os empreendimentos diminuirão o tempo médio de viagem em 25% no sistema metroferroviário e vão ampliar em 55% o número de passageiros transportados no sistema. Por exemplo, um passageiro que segue do Grajaú até a Praça da Sé ganhará duas horas no seu dia.
Moto e bike – A pesquisa Origem e Destino abrangeu os 39 municípios da RMSP. Na última edição (1997), a população era de 16,8 milhões de habitantes, número que subiu para 19,3 milhões, em 2007. Num comparativo com 1987, nos últimos 20 anos a taxa de natalidade caiu. Em contrapartida, grande parte da população está na faixa de 20 a 34 anos de idade. O índice de idosos também ampliou e refletiu no transporte, com aumento da preocupação em relação a acesso e gratuidade.
A posse de automóvel não teve alteração significativa. Há 10 anos, 49% das famílias não tinham carro e, no ano passado, 50%. Família com um veículo permaneceu no mesmo patamar de 38% e com mais de dois, diminuiu de 13% para 12%. Apesar do aumento da frota em São Paulo, a família manteve a mesma posição de 10 anos atrás porque o crescimento de carros foi proporcional ao da população.
Em 2007, a pesquisa abordou pela primeira vez motocicleta e bicicleta por família. O resultado apontou que 7% delas possuem o primeiro veículo e um terço das famílias tem bicicleta, o que representa a soma de 24% (que tem uma) e 9% (mais de uma). Nos dias úteis, 71% das pessoas pedalam para chegar ao trabalho.
Vai e volta – Também foi feito levantamento das viagens externas na Linha de Contorno (espaço imaginário que limita a Grande São Paulo). A pesquisa contou veículos em todas as entradas e saídas e as viagens que atravessam a região, em 21 postos rodoviários ao longo das vias. De um volume diário médio de 455.183 veículos, foram realizadas 36 mil entrevistas.
Um dos grandes resultados da Linha de Contorno é como se distribui o fluxo de veículos nas estradas, sendo 60% automóveis e táxis, 34% caminhões e 6% ônibus e vans. Todos revelaram crescimento significativo nos últimos 10 anos.
Entre os dados globais apontados pela pesquisa está o total de viagens, que passou de 31,4 (1997) para 37,6 milhões de viagens/dia em 2007. O número das viagens motorizadas cresceu em quase 5 milhões de 1997 para 2007: de 20,6 para 25,3 milhões.
Verificou-se que as viagens feitas a pé totalizam 32,9% dos deslocamentos, o que representa 12,4 milhões. No ano passado, os deslocamentos a pé eram responsáveis por 10,8 milhões de viagens ou 34,4%. A principal razão de andar a pé é a pequena distância a percorrer, que corresponde a 88,6%. Somente 5% andam a pé por achar o valor da passagem da condução caro.
Sobre as tarifas, um dado relevante é que 46% das viagens em transporte coletivo são custeadas pelo empregador, 44% pagam a própria condução, 9% são isentos e 1% por outros motivos.
Força-tarefa – Participaram da pesquisa 365 pessoas durante 214 dias. Elas visitaram 54.571 domicílios, com 92 mil entrevistados e 30 mil entrevistas válidas. Para traçar os deslocamentos, o questionário coletou 431.658 endereços referentes a locais de residência, trabalho, escola, além de origens e destinos de viagens e pontos de transferência entre modos.
Esse tipo de pesquisa é realizado desde 1967, de 10 em 10 anos. Nesta edição, abrangeu os municípios da Grande São Paulo, divididos em 460 zonas. O resultado é vital para planejamento do transporte, pois revela dados de deslocamento da população na região, incluindo a caracterização socioeconômica.
Da Secretaria dos Transportes Metropolitanos
(M.C.)
09/16/2008
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